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Disputa por cargo no Senado cria conflito no PT; Suplicy quer lugar de Delcídio

Disputa por cargo no Senado cria conflito no PT; Suplicy quer lugar de Delcídio

05 janeiro 2012 - 16h50
Valor Econômico

A bancada do PT no Senado começará a sessão legislativa com a reedição da disputa entre Marta Suplicy (SP) - se ela não for para o ministério - e José Pimentel (CE) pela primeira vice-presidência da Casa. No dia 31 haverá reunião para discutir esse e outros problemas, como a escolha do próximo líder, vaga postulada por Walter Pinheiro (BA) e Wellington Dias (PI).

Também estará na pauta o rodízio nas presidências das comissões permanentes comandadas pelo PT: Direitos Humanos (CDH) e Assuntos Econômicos (CAE), uma das mais importantes da Casa. Ana Rita (ES) quer substituir Paulo Paim (RS) na CDH e Eduardo Suplicy (SP) quer comandar a CAE no lugar de Delcídio Amaral (MS).

Como Paim e Delcídio foram eleitos presidentes das comissões para mandato de dois anos - assim como Marta na vice-presidência do Senado -, a troca, nesses casos, depende de renúncia, um ato unilateral dos ocupantes dos cargos. Paim e Delcídio mostram disposição de ceder, diferentemente de Marta.

A queda-de-braço entre Marta e Pimentel marcou o início dos trabalhos em 2011. Após confronto interno, que dividiu a bancada, foi feito acordo de rodízio no mandato: Marta ocuparia a vice-presidência no primeiro ano e Pimentel, no seguinte. Agora o cearense cobra o cumprimento do acordo do rodízio anual, mas Marta manifesta intenção de continuar.

"Espero não ser eu a administrar esse problema", diz o líder, Humberto Costa (PE), que deve ser substituído na função na primeira reunião da bancada. No caso da liderança, deve haver eleição para a escolha do substituto, entre Pinheiro e Dias. "O acordo de rodízio foi feito para todos os cargos. Se não for respeitado, vai ser ruim para a bancada", afirma Costa.

Ambos têm projeto de candidatura a governador de seus Estados em 2014. Dias já foi governador e quer voltar. Os dois também começaram 2011 disputando a vaga de líder do governo no Congresso. Nenhum deles levou. A função ficou com Pimentel, como compensação por abrir mão da vice-presidência do Senado para Marta.

A senadora insistiu em ocupar o cargo na mesa diretora no primeiro ano de mandato. Uma das razões era a perspectiva de disputar a Prefeitura de São Paulo. Outro argumento usado foi a importância de fortalecer a bancada feminina no momento em que uma mulher assumia a presidência da Casa.

A candidatura a prefeita não vingou e há sinais do Palácio do Planalto de que Marta não irá para o governo por enquanto. A senadora não pretende abrir mão da vice-presidência, função estratégica para o governo e vitrine para ela. A principal tarefa é comandar as sessões plenárias do Senado, na ausência do presidente, José Sarney (PMDB-AP).

Quando Lula assumiu a Presidência em 2003, a bancada do PT no Senado tinha 14 senadores, a maioria inexperiente. Não havia ex-prefeito ou ex-ministro. Ex-governador, apenas Cristovam Buarque (hoje no PDT). Fora a oposição dura da então petista Heloísa Helena (que foi para o PSOL) ao governo, a bancada tinha pouca disputa interna. A então novata Ideli Salvatti (SC) foi líder por quatro anos.

Em 2011, Dilma Rousseff ganhou uma bancada mais experiente. Entre os 13 senadores petistas, dois ex-ministros do governo Lula (Costa, na Saúde, e Pimentel, na Previdência), dois ex-governadores (Dias, do Piauí, e Jorge Viana, do Acre), dois ex-prefeitos (Lindbergh Farias, de Nova Iguaçu, e Marta, de São Paulo), três senadores veteranos (Suplicy, Paim e Delcídio) e um ex-deputado (Pinheiro).

Uma das tarefas do líder e do governo em 2011 foi acomodar senadores com pretensões políticas. Sem vaga para todos, o método do rodízio foi uma solução encontrada. A bancada rendeu alguns constrangimentos ao governo, embora, apesar dos projetos pessoais, tenha votado coesa nas propostas de interesse do Planalto.

Wellington Dias foi responsável pelo projeto de lei de distribuição dos royalties do petróleo, aprovado - na forma de substitutivo do pemedebista Vital do Rêgo (PB) - a contragosto do governo. Lindbergh propôs projeto de lei aumentando as competências do Banco Central. Causou constrangimento e teve de recuar. Quando o então chefe da Casa Civil Antonio Palocci estava prestes a cair, Marta propôs aprovar moção de apoio e a bancada dividiu-se. Palocci caiu antes.

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