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Estudo prevê injeção de R$ 142 bilhões na economia brasileira até 2014

27 julho 2012 - 00h00
*Fonte: Portal da Copa


A Copa de 2014 tem o potencial de injetar R$ 142 bilhões na economia brasileira durante o período entre 2010 e 2014.

O número leva em conta investimentos diretos e o impacto sobre a produção nacional de bens e serviços. Os setores com maior potencial de benefício são, entre outros, construção civil, turismo, hotelaria, serviços, alimentos e bebidas.

O diagnóstico é de um estudo feito pela Ernst & Young e Fundação Getúlio Vargas.

Em entrevista ao Portal da Copa, Fernando Naves Blumenschein, coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas e um dos responsáveis pela pesquisa, explica como a Copa pode ser um investimento rentável para as capitais que irão recebê-la e como os aportes nas áreas de infraestrutura, mobilidade urbana e segurança têm a capacidade de se constituírem como legados para o Brasil.

Confira a íntegra do estudo
O estudo aponta uma estimativa de movimentação adicional no país de R$ 142 bilhões entre 2010 e 2014, com geração de até 3,6 milhões de empregos por ano. Qual a receita, em termos de gestão, para que esse impacto seja duradouro?
Há algumas coisas importantes. Entre elas, saber aproveitar o legado que a Copa deixa.

Esses legados de construção física, de melhoria de infraestrutura, precisam ser bem aproveitados depois da Copa.

Os estádios, só para dar um exemplo, podem ser melhor aproveitados se forem usados como arenas multiusos, que permitam uso mais intensivo da sua estrutura e, consequentemente, um maior retorno à sociedade.

Mas isso vale não só para os estádios como para todas as áreas de infraestrutura.

Agora, mais importante do que isso, você precisa melhorar o conjunto de políticas publicas que permitam a realização do evento, como transporte e segurança.

As capacitações e investimentos que ocorrem em função das necessidades da Copa podem ter impacto que ultrapasse 2014 e continuem ocorrendo e trazendo benefícios para a sociedade após o Mundial.

Em que vertentes esse impacto é mais visível?
A geração de emprego é um impacto econômico, é uma geração de renda associada ao impacto. Então você tem diferentes segmentos exercendo impactos.

No estudo nós desagregamos esses impactos com diferentes setores da economia.

A gente estudou diversos setores que podem impactar de forma diferente, como construção civil, alimentos e bebidas, turismo, hotelaria e serviços de informação.

Qual o impacto que se pode esperar do turismo após o Mundial, por exemplo?
O que se observa em vários países que têm esses eventos de grande porte é que você tem impacto não somente durante o evento.

Você expor o Brasil para o mundo durante a Copa e mesmo na fase de preparação faz com que o país fique mais conhecido lá fora. Isso traz, mesmo no pós-evento, uma demanda maior de pessoas que antes não tinha interesse no Brasil e passa a ter.

O fluxo de turistas passa a ser maior do que a média histórica anterior. Isso é um efeito que já foi medido em vários países e espera-se que ocorra no Brasil também.

Como fazer para que os estádios em cidades sem grande tradição no futebol tenham viabilidade econômica depois do mundial?
Eles podem ser sustentáveis na medida em que sejam aproveitados de forma mais abrangente, para um conjunto maior de eventos.

Na medida em que possam estar associados, por exemplo, à exploração comercial.

Na medida em que todas essas arenas sejam utilizadas para outros fins que não somente o futebol, seja para espetáculos, comércio ou serviços, isso aumenta o potencial de rentabilidade.

Logicamente que isso vai depender da gestão eficiente por parte de quem administra esses complexos.

Nas áreas de segurança e na coordenação das forças de defesas do país, em que medida um evento desse porte pode induzir avanços e qualificações?
Essa experiência já tivemos, por exemplo, no Pan do Rio de Janeiro, em 2007. Foi um evento em que a parte de segurança montada, em termos de gestão, serviu não só para a competição, mas para as práticas de segurança aplicadas no dia-a-dia.

A Copa é uma oportunidade para aperfeiçoar as forças de segurança em termos de equipamento, em termos de qualificação e em termos de políticas de gestão pública.

Em que medida os investimentos em comunicações e em tecnologia da informação podem se reverter em legados?
Eu acho que todos os investimentos vão se tornar legados. A questão maior é como aproveitar esse legado de forma eficiente para toda a sociedade.

Se você melhora o sistema de comunicações em função na Copa, logicamente que depois essa melhoria na velocidade de transmissão de dados e de voz acaba impactando a economia, na medida em que você tem um momento de produtividade para todos os setores econômicos.

A melhoria na comunicação, com a velocidade de transmissão de dados de voz e a qualidade desses serviços, significa que em longo prazo isso se traduz em produtividade para todos os setores econômicos.

De que forma exigência de práticas sustentáveis nas obras pode servir de indução para que o mercado nacional pós-copa passe a adotar critérios ambientais em seus investimentos?
A Copa é uma oportunidade de introdução de novos conceitos, valores, práticas, tanto no setor privado como no setor público.

Na questão da sustentabilidade, a Copa é uma oportunidade única de inclusão do conceito em todos os setores da sociedade. É uma oportunidade única porque a Copa tem visibilidade e possibilita um marco de novas políticas e novos valores.

Como micro e pequenas empresas podem tirar proveito do momento? As cadeias produtivas que vão ser impactadas têm um contingente de micro e pequenas empresas.

A parte de serviços, de turismo, de alimentação e bebidas, por exemplo. Nesse sentido, a Copa é democrática na medida em que tem impactos em todos os segmentos.

Quais os maiores riscos em um investimento desse tipo? Que armadilhas devem ser evitadas?
O maior risco é aquele associado a qualquer projeto de investimento de longo prazo: o risco de cronograma.

Se por diversas razões o cronograma não puder ser cumprido, isso acaba impactando em custo maior. A consequência de atrasos é o gasto maior para o mesmo equipamento, para o mesmo projeto de infraestrutura.

Isso implica menor retorno social. Então acho que esse é o maior risco, porque na medida em que a gente cumpre o cronograma, aumenta o retorno social.

Assim, a tarefa do poder público, dos estados, do governo federal e municipal, é se esforçar ao máximo para que o cronograma seja cumprido e que esse risco seja mitigado.(Portal da Copa)

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