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Pesquisadores brasileiros testam vacina oral contra hepatite B

Pesquisadores brasileiros testam vacina oral contra hepatite B

19 janeiro 2012 - 16h40
G1

Uma pesquisa brasileira está a caminho de desenvolver a primeira vacina oral contra a hepatite B. Já existe vacina disponível para a doença, mas a imunização é feita por meio de injeções.

O principal objetivo da nova fórmula é reduzir os gastos nas campanhas de vacinação. “Seringa e agulha têm um custo elevado”, apontou Osvaldo Augusto Sant’Anna, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Toxinas do Instituto Butantan, em São Paulo.

O Ministério da Saúde fornece a vacina a todos os cidadãos até os 29 anos. A hepatite B é uma infecção do fígado, provocada por um vírus, que pode provocar lesões graves em longo prazo.

Testes
A vacina oral se mostrou segura e eficaz nos testes com camundongos, ratos e cachorros. Os pesquisadores do Instituto Butantan estão preparando os protocolos necessários para iniciar os testes com humanos.

Esses testes precisam de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sant’Anna espera que a primeira fase de testes seja concluída até o fim de 2012.

Sílica nanoestruturada
A novidade apresentada pelo grupo brasileiro é uma substância chamada sílica nanoestruturada. Ela foi elaborada quimicamente para resistir à acidez e às enzimas do estômago, para ser absorvida apenas no intestino.

O pesquisador explicou que as vacinas orais disponíveis hoje funcionam porque são absorvidas ainda no esôfago, mas isso só dá certo com algumas doenças. “A sílica é a primeira possibilidade de atravessar a acidez do estômago”, garantiu Sant’Anna.

A ideia é colocar uma forma do vírus da hepatite B dentro da sílica. As células do sistema de defesa presentes no intestino capturam a substância e o corpo fica imunizado contra aquele agente causador.

“É como se fosse um envelope que leva a carta”, comparou o pesquisador. Segundo ele, se a técnica funcionar em humanos, pode servir para vários tipos diferentes de doença.

Mudanças na vacinação
Para Sant’Anna, isso valeria, por exemplo, para a vacina de poliomielite. Hoje, existe uma vacina oral contra a doença – a chamada vacina Sabin –, mas a injeção é considerada mais eficaz e segura. Tanto que o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (18) a substituição da dose oral pela injetável.

Outra novidade anunciada foi a entrada da vacina pentavalente no calendário de vacinação. Em uma única dose, a criança será imunizada contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenza tipo B e a própria hepatite B.

Segundo o entrevistado, essas mudanças não trazem alterações para os pesquisadores do Butantan. “Nossa ideia, inclusive, é criar vacinas orais polivalentes [que previnam mais de uma doença]”, concluiu.

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