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Preços ao produtor brasileiro sobem 1,38% em abril

30 maio 2012 - 11h30Por Reuters
O índice de preços ao produtor (IPP) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) subiu 1,38 por cento em abril, após alta de 1,04 por cento em março. A variação foi a maior desde novembro de 2010, quando atingiu 1,43 por cento, e a terceira maior da série iniciada em 2009 devido à alta do dólar.

O IBGE revisou o dado de março depois de anunciar anteriormente alta de 1,05 por cento.

Em abril de 2011, o índice havia registrado elevação de 0,28 por cento, e no acumulado em 12 meses os preços registram alta de 2,47 por cento no mês passado.

Pelo segundo mês seguido o dólar foi o vilão dos preços ao produtor, exercendo pressão de alta. "Com a desvalorização do real nesses dois meses, o efeito foi de pressão para cima", afirmou o economista do IBGE Alexandre Brandão.

Segundo cálculos do IBGE, o dólar teve uma valorização de 3,3 por cento em abril depois de subir 4,8 por cento em março. "Abril foi um mês em que, de modo geral, houve um aumento de preços. Houve uma alta mais generalizada", declarou Brandão.

Em abril, 21 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços. As maiores variações de abril em relação a março ocorreram em fumo (7,95 por cento), impressão (3,10 por cento), alimentos (2,81 por cento) e outros produtos químicos (2,78 por cento).

A alta do fumo foi atribuída ao efeito cambial, uma vez que os contratos desse setor são firmados em moeda americana, e ao decreto governamental que fixou um preço mínimo para o preço do cigarro no país.

As maiores influências sobre o indicador em abril foram alimentos (0,53 ponto percentual), outros produtos químicos (0,30 ponto), refino de petróleo e produtos de álcool (0,15 ponto) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-0,07 ponto).

"Os preços de soja têm subido por conta da dúvida com relação à safra deste ano. A laranja também subiu sob efeito do câmbio", disse Brandão. "No caso do petróleo, é reflexo da alta no mercado mundial. Além disso, a safra de cana parece ser menor que se espera e também pressionou esse grupo."

Na comparação com o mesmo mês de 2011, as maiores variações de preços ocorreram em fumo (18,17 por cento), calçados e artigos de couro (15,14 por cento), bebidas (10,76 por cento) e outros equipamentos de transporte (10,59 por cento).

As principais influências na comparação de abril contra o mesmo mês do ano anterior vieram de alimentos (1,39 ponto percentual), veículos automotores (0,35 ponto), bebidas (0,28 ponto) e metalurgia (-0,26 ponto).

O índice mede os preços "na porta das fábricas" e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor.

Indicadores recentes de preços vinham mostrando que a inflação estava perdendo força. Por exemplo, o IPCA-15 -considerado uma prévia da inflação oficial- registrou alta de 0,51 por cento em maio, abaixo do esperado pelo mercado.

A economia brasileira vem mostrando dificuldades em apresentar sinais consistentes de crescimento, sobretudo na indústria, mesmo diante das recentes medidas do governo de estímulo fiscal e monetário, mas acaba tirando uma parte da pressão inflacionária.

O próprio governo já reconheceu que a economia brasileira não começou bem este ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou à Reuters que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano vai ter expansão entre 3 e 4 por cento, abaixo da previsão inicial do governo de 4,5 por cento.

Esse cenário abre espaço para mais estímulos monetários. Nesta quarta-feira, Comitê de Política Monetária divulgará sua decisão sobre a Selic, atualmente em 9 por cento ao ano, e a expectativa do mercado é de um corte de 0,50 ponto percentual, atingindo o menor nível histórico, segundo pesquisa da Reuters.

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