quinta, 25 de abril de 2024
Hospital do câncer

Centro volta a atender, mas não tem dinheiro para medicamentos

20 julho 2016 - 08h00Por DouradosNews
Após determinação da justiça para o retorno dos atendimentos aos pacientes usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) feito pela Associação Beneficente Douradense – Hospital Evangélico e o CTCD (Centro de Tratamento de Câncer de Dourados), o hospital voltou a atender, porém apenas paciente ‘antigos’ com tratamentos sem grande complexidade. Um dos motivos citados é a falta de dinheiro para pagar fornecedores e ainda para comprar medicação.

As informações são do diretor do centro, médico Mario Eduardo Rocha, ao Dourados News, que esteve visitando o hospital na manhã desta terça-feira (19), e encontrou o local tranquilo.

Segundo Rocha, apesar da determinação os atendimentos estão sendo realizados de acordo com a medicação que ainda resta no hospital, assim como para pacientes eletivos. "Inicialmente foram liberados a radioterapia de paciente que já estavam na fila, porque não tem outro local para fazer e preferiram aguardar do que ser remanejados para outros municípios e dado início a poucas consultas médicas para programar a quimioterapia" disse Mario.

Questionado a quantidade de pacientes que ficaram sem atendimento e ainda os danos que pode causar para os que paralisaram assim como os que nem chegaram a iniciar, o médico disse que é difícil contar, já que o problema se agravou desde junho deste ano, apesar de ser ‘arrastado’ há anos quando HE passou a atrasar os repasses feitos ao CTCD pela prestação dos serviços.

"Infelizmente a dívida que temos com fornecedores hoje chega a R$ 800 mil, com isso não temos como comprar mais medicação o que gera prejuízo a muitos pacientes. Essa pergunta é difícil de responder, porque assim que a gente começou a encaminhar os pacientes daqui para o Hospital Evangélico tratar, não tivemos mais contato, a informação que temos é que uma investigação do Ministério Público onde 150 pessoas foram reclamar, mas pode ser muito maior esse número, porque nem todos procuram seus direitos", explicou o médico.

Segundo Rocha, a medida agora é aguardar para que a dívida que, segundo ele, o HE tem com é centro hoje é de R$ 1,1 milhão e assim conseguir retomar os atendimentos.

Ele disse ainda que desde junho o Sistema de Regulação, responsável por regular vagas na saúde para atendimentos de paciente da cidade e também da região, continua bloqueado e com isso não é possível agendar novos atendimentos.

"Além da questão do medicamento, tem o bloqueio do SISREG (Sistema de Regulação) que é responsável em agendar os atendimentos que ainda a secretária de saúde de Dourados ainda não liberou para nós, para novas consultas. Assim como também não ficou claro se o HE irá continuar sendo o hospital de retaguarda que era missão anteriormente deles, que era atender todas as intercorrências clinicas de urgência e emergência de paciente oncológicos, complicações de radioterapia e quimioterapia, cirurgias e diagnósticos, exames de tomografia entre outros que acaba interferindo no nosso trabalho, pois os médicos que atendem no centro não querem fazer a quimioterapia por medo do paciente passar mal e não ter para onde ir, ainda existe essa questão", contou.

Há anos o CTCD vem alegando atraso e falta de repasse feito pelo Hospital Evangélico, a empresa contratada e habilitada pelo poder público para prestação dos serviços de oncologia a pacientes do SUS. Desde então alguns atendimentos vêm sendo paralisados e os pacientes são os mais prejudicados.

O MPMS então ingressou então dentro do contexto da Ação Civil Pública, com um pedido liminar de Tutela Provisória Cautelar de Urgência em Caráter Antecedente contra o município e Estado, para que os órgãos fossem obrigados a retomar o atendimento. Esse pedido foi o atendido pelo despacho do juiz.

Mesmo com o processo administrativo e judicial, o centro continua realizando atendimentos na ala do Hospital Evangélico conhecida como Hospital do Câncer. Alguns serviços continuavam sendo feitos, mas outros haviam sido paralisados, impactando a saúde de dezenas de pessoas.

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