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PRISÃO

Homem é condenado a 21 anos de prisão por matar ex e esconder corpo no sofá em MS

05 outubro 2019 - 09h00Por G1 MS

A Justiça de Mato Grosso do Sul condenou Eduardo Dias Campos Neto, de 38 anos, a 21 anos e 4 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ele foi julgado nesta sexta-feira (4) em Campo Grande pelo assassinato da ex companheira Aparecida Anauanny Martins de Oliveira, morta aos 18 anos, em março de 2007.

Interrogado, Eduardo afirmou ao juiz que matou a ex-mulher depois de uma discussão sobre a paternidade do filho do casal. No dia 6 de março de 2007, Aparecida teria cuspido no rosto dele e confessado que o acusado não era o pai da criança.

Conforme a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), o laudo de exame necroscópico atesta que a causa da morte da vítima foi asfixia mecânica causada por provável esganadura. Além disso, Eduardo disse no interrogatório ter dado um golpe conhecido como "mata leão" na vítima, que é uma espécie de estrangulamento utilizado em artes marciais.

O acusado ficou 10 anos foragido. A captura dele, em agosto de 2017, foi possível depois da inclusão do nome na Interpol. A prisão ocorreu em uma estrada de terra no Paraguai, próximo a Porto Murtinho, região sudoeste de Mato Grosso do Sul.

O acusado disse que escondeu o corpo da ex-mulher para evitar que o filho visse a mãe morta. Em seguida, fugiu para o país vizinho onde permaneceu foragido até a prisão. Durante os 10 anos que esteve como fugitivo, trabalhou em fazendas e constituiu outra família e é pai de uma menina.

Réu chorou, confessou e pediu perdão durante o julgamento

Aos prantos, o réu confessou e pediu perdão pelo crime, alegando que escondeu da vítima no sofá para o filho não ver 'cena da mãe morta'.

O homem contou que teve uma união estável com a jovem por 3 anos, falando a todo momento que a amava. Ele ainda disse que trabalhava como instalador de som automotivo e ela ficava em casa porque cuidava do filho. Questionado sobre ciúmes, no qual as testemunhas informaram "ser doentio", ele negou. "Eu não tinha ciúmes, era como um casal normal. Não era nada doentio, eu amava muito ela e o meu filho", falou.

Ainda conforme o depoimento de Eduardo, o crime "não era para ter acontecido". No entanto, ele alega que, pouco tempo antes de estrangular a jovem, ficou sabendo que o filho que possuíam em comum "não era dele" e que a vítima ainda "cuspiu na cara dele e o chamou de corno".

Na sequência, diante aos jurados, ele descreveu o momento da briga com a vítima. "Eu perdi a cabeça, não tinha intenção jamais de que isso acontecesse. Depois que vi que ela não se mexia, o sofá cama estava aberto porque fiquei brincando com meu filho na noite do dia anterior. Eu então deixei o corpo dela lá e saí de casa para o meu filho não ver a cena da mãe morta. Pouco antes, ele tinha descido com a minha mãe para brincar no parquinho", ressaltou.

Desde então, o homem fala que ficou perambulando em Campo Grande por 3 dias, na saída para Sidrolândia. "Depois eu pedi uma carona e fui para o Paraguai. Fiquei trabalhando em uma fazenda, cheguei a ser gerente quando houve a prisão. Casei de novo, tive uma filha e descobri um câncer no osso. Eu passo por quimioterapia há 4 anos, é um câncer no osso que não tem cura e o tratamento diminui o avanço apenas", falou.

Irmã de mulher morta pelo ex disse que presenciou vítima ser arrastada grávida: “Violento e tinha ciúmes”

A irmã de Aparecida Anauanny Martins de Oliveira, disse durante júri popular nesta sexta que presenciou a vítima ser arrastada pelo ex, além de outras agressões. Ela ainda ressaltou que o acusado não aceitava o fim do relacionamento e fez inúmeras ameaças de morte. O réu acompanha o julgamento.

“Ela tinha 15 anos quando ficou grávida e passou a morar com ele, nos fundos da casa da mãe dele. Já no início nós percebemos que ele era violento, tinha muito ciúmes dela”, disse.

Em uma destas ocasiões, relata a testemunha, Eduardo Dias Campos Neto foi trabalhar e deixou a vítima na casa dela. “Quando ele chegou a gritou no portão. Em seguida, conversaram algo e ele já puxou o cabelo dela e a arrastou. Eu pedi pra ele parar, meu marido chamou um amigo e foram atrás, mas, não conseguimos achá-los”, disse.

Segundo a testemunha, após a primeira agressão, ocorreram inúmeras outras. “Meu sobrinho nasceu e eles foram morar em uma kitnet. Ela não estava se entendendo muito bem com a mãe dele e pediu para mudar. Mais uma vez, nessa época o menino já estava com 2 anos, teve um almoço na casa deles e, pouco tempo depois de eu e minha mãe irmos embora de lá, minha irmã ligou pedindo ajuda”, relembrou.

Na ocasião, a vítima estava com o braço roxo. “Mais uma vez ele falou que gostava muito dela e minha irmã perdoou. Mas, eu sempre conversava com ela, falava pra ela não passar mais por estas situações, dar parte. E ela dizia que na hora certa iria dar um ponto final”, contou.

Em fevereiro de 2007, quando a vítima completou 18 anos e já tinha se separado, o suspeito passou a fazer inúmeras ameaças. “Em uma segunda ocasião ele também pegou ela em casa e falou que iria matá-la no inferninho. Depois, ele fez ameaças a ela e eu comecei a ir no apartamento. Horas antes de descobrir o crime, passei lá e não vi mais a minha irmã”, ressaltou.

No local, ela encontrou apenas o filho do casal e a mãe do réu. “Vi o sapato dela na porta e a bolsa no sofá. Achei estranho, perguntei por ela e a mãe dele me disse que ambos tinham saído para fazer as pazes. Olhei no quarto do casal, perguntei mais uma vez e ela me disse para ficar calma, que eles deveriam estar em um motel e já retornariam”, informou.

No outro dia, a testemunha fala que familiares já perguntavam pela vítima e fizeram boletim de ocorrência. “Fui lá no apartamento de novo e a mãe falou que eles poderiam estar em uma casa no bairro Tijuca. Fui lá, cheguei a pular o muro e não vi nada. Passou um tempo, vi que a mãe dele não demonstrava preocupação. Horas depois recebi uma ligação dela, dizendo que tinha sentido um mau cheiro e encontrou o corpo da minha irmã”, falou, aos prantos.

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