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Pesquisas da UEMS sobre inclusão mostram preconceito nas escolas

22 março 2016 - 13h02Por Fonte: noticias
O preconceito, muitas vezes, é algo implícito na sociedade e as escolas estão em um processo de adaptação para incluir alunos com necessidades especiais. Buscando monitorar isto, o Observatório da Violência nas Escolas (Obeduc) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), mantido na unidade de Paranaíba, tem desenvolvido diversos estudos que visam diagnosticar os problemas na formação dos alunos.

Pesquisas concluídas, no mestrado em Educação de Paranaíba, retratam problemas no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas. O trabalho de autoria da mestre, Raquel Marques Ribeiro dos Santos, orientada pela professora Dra. Doracina Araújo, verificou as relações estabelecidas entre inclusão e preconceito no espaço escolar, a fim de compreender os fatores que influenciam as atitudes dos professores da Educação Básica e de colegas de classe em relação aos alunos considerados em situação de inclusão.

Para a pesquisa foram realizadas entrevistas com quatro professores, dois monitores de sala, quatro alunos com deficiência e com dois colegas de classe de cada aluno com deficiência, em uma escola Educação Especial no município de Paranaíba.

Embora a educação inclusiva seja considerada pela maioria dos entrevistados como oportunidade no combate à segregação, por diversos motivos ela impediu a presença dos alunos Público-Alvo da Educação Especial (PAEE) nas escolas e classes comuns. E isso não impediu as manifestações de atitudes preconceituosas, sejam elas explícitas ou veladas.

A análise mostra que a discussão não seria a de implementar ou não a proposta da inclusão, mas discutir quais serão os métodos, currículos e conhecimentos utilizados. Pois, atualmente, existem vários obstáculos que estão relacionados à formação, à adaptação pedagógica, a métodos específicos e ao auxílio de especialistas.

Embora a socialização dos alunos PAEE seja positiva segundo os depoimentos, a aprendizagem em relação aos demais alunos vem sendo parcialmente esquecida. "Constatamos poucos trabalhos em grupos, e quando acontecem os alunos Público Alvo da Educação Especial quase não participam. Nessa situação, é possível identificar duas situações em relação a eles: marginalização (quando os alunos participam de atividades em grupos, mas suas contribuições quase não são consideradas pelos colegas) e segregação (quando o aluno não é aceito no grupo)".

Quanto ao processo ensino e aprendizagem, adaptações curriculares e estratégias de aula são em sua maioria desconsideradas. Nesses casos, os alunos PAEE são privados de condições objetivas para sua formação, pois o conteúdo é minimamente transmitido. "Ainda que os participantes afirmem que a escola tenha uma cultura inclusiva, isso não foi evidenciado a partir das análises. Isso pode ser expresso, principalmente, pela ausência de adaptações curriculares. A partir da análise das entrevistas, foi possível identificar um nível baixo de inclusão, uma vez que as escolas não estão conseguindo atender o princípio de igualdades de oportunidades e valorização das diferenças", destacou Raquel dos Santos.

Outra dissertação, intitulada "Trajetórias e percursos escolares de alunos com Deficiência Intelectual", produzida pela mestre, Maria Amélia Alves Mendes de Souza, orientada pela professora Celi Corrêa Neres, aborda as trajetórias escolares de cinco alunos da educação especial, que foram encaminhados para uma instituição especializada,Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no município de Inocência. E revela o quanto a organização do espaço/tempo da escola são impróprias às necessidades dos alunos com deficiência intelectual.

A autora ressaltou que é preciso reconhecer que a história de inclusão é recente, o que explica como, ainda nos dias de hoje, o sistema educacional se depara com grandes percalços para lidar com esses alunos.

"É preciso refletir sobre a matriz pedagógica que se mostra inadequada para todos os alunos, inclusive, para os alunos sem deficiência. A pesquisa não revela em nenhum momento sentimentos de exclusão, apesar de alguns sujeitos demonstrarem interesse em voltar a estudar na escola comum", observou Maria Amélia.

Ela ressalta que a inclusão escolar é dar o direito de igualdade de oportunidade a todos os alunos, mas isso não denota uma mesma maneira de educar a todos, mas sim, proporcionar a cada sujeito o que melhor atende às suas necessidades de acordo com suas características individuais, interesses e capacidades.

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