sábado, 20 de abril de 2024
CÂNCER DE MAMA

Servidora descobre câncer durante autoexame e faz ensaio após cirurgia de retirada do seio: 'Amei o resultado'

05 outubro 2018 - 15h00Por G1 MS

Foi no banho que a servidora pública Mychelle Ribeiro Moraes, de 32 anos, descobriu um caroço no seio. Há dois meses, ela tinha desmamado a filha mais nova e pensou ser leite empedrado. A partir daí, começou uma busca imediata que fez toda diferença, desde a descoberta do câncer ao tratamento. Oito meses depois, o que se vê é uma mulher superando a doença, rodeada de carinho da família, amigos e que decidiu retribuir com ensaio fotográfico durante a quimioterapia, em Campo Grande.

"Fiz o autoexame no banho, no dia 27 de fevereiro. Depois, comecei a investigar, fiz o ultrassom e já na clínica percebi que poderia ser algo ruim, até pela conduta do médico que fez várias vezes, mudou de máquina e eu tive a classificação de média a alta para tumor. No dia 14 de março, o resultado veio e a primeira ligação que recebi foi do meu esposo. Como a médica também era minha amiga, acho que ela entrou em contato com ele", afirmou ao G1 Mychelle.

O próximo passo era digerir tudo o que estava acontecendo. "É como um soco no estômago, a gente leva uns dias para realmente entender. Eu sou nova, não tinha histórico nenhum, não fumo, tenho uma vida ativa, todos os fatores de risco eu estava fora. Precisei colocar os meus sentimentos e pensamentos no lugar, até porque teria uma jornada longa para encarar e estava perto do meu aniversário, muitas pessoas viriam falar comigo", ressaltou Moraes.

Em contato com os profissionais, a servidora então optou por fazer a mastectomia (retirada da mama) e, em seguida, a reconstrução do seio. "Posso dizer claramente que uma das partes mais difíceis é receber o diagnóstico. A palavra câncer vem com algo muito ruim, a gente já pensa em ficar careca, sozinha, na ideia da morte, em se isolar...enfim, a gente cai em um buraco e por isso é tão importante este apoio incondicional", comentou.

Após a cirurgia, Mychelle ainda sabia que o pós-operatório não seria fácil. "Sabia que o processo teria início, meio e fim. O processo de cicatrização é muito demorado e, esteticamente, por mais que eu tenha colocado a prótese e os médicos tenham ficado felizes com o resultado, demoreu para aceitar. A mama, o bico, a cor diferente, são muitas questões que precisamos encarar aos poucos e ainda tinha a quimioterapia", explicou.

Neste último processo, no qual ela ainda passa por sessões e sempre tem a companhia de "uma amiga especial", Mi, como é conhecida, sabia da particularidade da queda do cabelo. "Eu recebi o convite para um ensaio bonito e recuei no início. A fotógrafa então se colocou à disposição. Com o tempo, percebi que não parei a minha vida, não parei de trabalhar e, quem é mãe sabe: a gente mal tem direito de fazer xixi, o que dirá ficar enclausurada sofrendo. Eu entendi que sou eu quem acordo, olho no espelho e decido encarar as coisas da melhor maneira possível", falou.

Sem auto-vitimização

Foi aí que ela decidiu encarar o ensaio fotográfico. "Eu sempre fui bem humorada e chegou o momento que pensei que deveria fazer as fotos. Eu até brinquei com a fotógrafa e falei que não queria tirar foto com cara de ovo, sem pelo ou sobrancelha. Pedi pra ela não me vitimizar e nem fazer o feio parecer bonito. Queria algo natural no estúdio, até pra guardar de recordação e eu amei o resultado. A profissional até me ligou depois emocionada, falando da repercussão ao postar nas redes sociais dela", relembrou.

Atualmente, Mychelle costuma dizer que não tem mais câncer de mama. "Pode ser que algumas células cancerígenas tenham ido para algum lugar do meu corpo, então estou na fase do tratamento do meio para o final, com a intenção de não sobrar nenhum resquício e eu seguir a minha vida. Neste período, não houve um dia sequer em que eu não tenha recebido mensagens de amigos queridos, de alguém que lembrou de mim na igreja, de pessoas próximas e distantes". comentou emocionada.

No trabalho, a servidora fala ainda que teve todo o apoio para trabalhar no ritmo dela. "Eu continuo trabalhando, fazendo atividade física e sendo acompanhada por uma nutricionistas por conta de limitações que ainda tenho. Posso dizer, que o autoexame fez toda a diferença, salvou a minha vida. Eu também não tive medo, corri atrás e muita gente se nega a fazer isso. Para mim, o mais importante é fechar este ciclo, seguir a minha vida tranquila e viver, principalmente porque sou muito abençoada", finalizou.

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