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A dois anos da Copa, 41% das obras ainda não saíram do papel

A dois anos da Copa, 41% das obras ainda não saíram do papel

23 maio 2012 - 16h58Por Reuters
De todas as obras planejadas para a Copa do Mundo de 2014, quase 41 por cento ainda não saíram do papel, mostrou um balanço do governo apresentado nesta quarta-feira. Ainda assim, ministros garantiram que todas estarão concluídas a tempo para o Mundial.

Os atrasos estão concentrados na área de infraestrutura, que sempre foi o ponto de maior preocupação da Fifa com a preparação do país para a Copa. Os 12 estádios estão com obras em andamento e consideradas dentro do cronograma, apesar de apenas cinco terem superado a marca de 50 por cento de conclusão.

Do total de 101 empreendimentos listados como obras da Copa pelo governo, só cinco foram concluídos e 41 ainda não saíram do papel. Desses, 15 são os com maiores problemas, ainda na fase de elaboração de projetos -- 7 no setor de aeroportos, 7 de mobilidade urbana e 1 de portos.

Outras 17 obras estão em fase de licitação, enquanto 9 já tiveram a licitação concluída e aguardam o início das obras. Os cinco empreendimentos finalizados são os terminais aéreos em Cuiabá, Porto Alegre, São Paulo (Garulhos) e Campinas e a obra na pista e no pátio em Garulhos. Juntos os projetos representam apenas 1 por cento do investimento total previsto.

"Não sei por que esse preconceito com obras no papel", disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, encarregado de apresentar o balanço ao lado dos ministros do Planejamento, Miriam Belchior, das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, da Secretaria Especial de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino.

"Não é o fato de ainda estar no papel que significa propriamente um atraso. Nós temos esse conjunto de obras porque sabemos que o Brasil, pela complexidade da sua estrutura democrática e institucional, impõe um coeficiente de atritos até você sair da licitação, do planejamento, do contrato, até o início da obra, você tem que se submeter a exigências legais muito duras", acrescentou.

"Diante disso, como nós temos já registrado, nada deixará de ser feito por causa dessas exigências", explicou.

Rebelo e o ministro das Cidades disseram ainda que parte das obras que ainda estão em fase de projeto ou licitação sofre com a burocracia e com os entraves ambientais e, por isso, não estão em ritmos mais avançados.

O balanço do governo reafirma que as obras dos seis estádios selecionados para a Copa das Confederações de 2013 nas cidades de Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e Recife estarão prontas dentro do prazo.

Na terça-feira, a Fifa afirmou que as seis cidades foram confirmadas como sedes do torneio que serve como um evento teste do Mundial, mas que estarão sob avaliação até novembro, dependendo do andamento de suas obras.

Questionado sobre a demora na assinatura dos contratos de financiamento entre os construtores das arenas de São Paulo, Porto Alegre e Curitiba e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ministro afirmou que não vê "óbices" para que o dinheiro não seja emprestado. Contudo, não quis se comprometer com um prazo para que os empréstimos sejam autorizados.

Em São Paulo, por exemplo, o estádio que sediará os jogos da Copa do Mundo está orçado em 820 milhões de reais, sendo que 400 milhões de reais serão financiados pelo BNDES.

O investimento do governo em infraestrutura de transporte e estádios para a Copa do Mundo soma 27 bilhões de reais --6,8 para estádios, 12 para mobilidade urbana, 7,4 para aeroportos e 0,9 para portos.

AEROPORTOS

Apesar de sete obras nos aeroportos de Curitiba, Porto Alegre, Confins (MG) e Salvador ainda estarem na fase de elaboração de projetos, o ministro da Aviação Civil disse que não vê problemas para que elas fiquem prontas até a Copa do Mundo.

"Todos estão dentro do cronograma e não temos nenhuma dificuldade que estejam concluídos até a Copa do Mundo", disse.

Para Bittencourt, não haverá problemas para atender os turistas e as delegações que virão ao país para a Copa do Mundo, porque já estão sendo feitas melhorias nos terminais visando melhor atendimento dos passageiros.

"Observamos que no fim do ano passado o tempo de atraso nos aeroportos foi reduzido em torno de 40 por cento, a produtividade do aeroporto de Guarulhos aumentou 30 por cento", argumentou.

O balanço apresentado pelo governo nesta quarta não trouxe detalhes sobre as soluções para o problema no serviço de telecomunicações, que recorrentemente é citado pelo ministro do Esporte. Rebelo já disse em audiência pública no Congresso que o Brasil não tem um serviço de qualidade nessa área.

O ministério informou que nos próximos balanços esse tema será abordado e que até agora não era objeto de análise e acompanhamento como as obras dos estádios, de infraestrutura e de mobilidade urbana.

A partir do próximo balanço o governo deve incorporar informações sobre telecomunicações, segurança, energia e infraestrutura turística, por exemplo.

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