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Brasileiros "sustentam" cassinos na fronteira

08 agosto 2011 - 09h49Por Folha de São Paulo
"Aqui é como um teatro: você paga e se diverte por uma noite. Não existe a esperança de ganhar dinheiro", afirma um turista de Cruz Alta (RS) que foi à cidade uruguaia de Rivera, na fronteira com o Rio Grande do Sul, jogar no cassino local.

Proibidos no Brasil, as casas de jogos em pequenas cidades de fronteira atraem caravanas de apostadores brasileiros, que hoje não podem mais nem frequentar bingos.

Um consórcio argentino e uruguaio está investindo US$ 32 milhões (R$ 50 milhões) em um hotel-cassino em Rivera, separada apenas por uma rua da gaúcha Santana do Livramento.

A casa ficará na avenida que divide os países. A expectativa é que os brasileiros sejam 95% dos jogadores --cupons de R$ 30 em apostas serão encartados em um jornal do Rio Grande do Sul. O empreendimento deve ser inaugurado em setembro.

PARAGUAI

"Acho um erro no Brasil não ter cassino, estão perdendo dinheiro. O pessoal do Rio e de São Paulo vai todo para Foz [na fronteira com o Paraguai] jogar", diz o pecuarista Paulo Filho, 59.

Ele costuma percorrer os 250 km entre a cidade de Santa Maria e a fronteira uruguaia para fazer compras e frequentar as salas de jogo. Nas cidades paraguaias vizinhas ao Brasil, os brasileiros também são maioria.

Em Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã (MS), o cassino Amambay, que se intitula o principal do Paraguai, tem escritório no lado brasileiro, informações totalmente em português e o apostador pode até retirar o prêmio em reais.

Um dos chamarizes são os torneios de pôquer, que acabam levando à fronteira grupos de brasileiros de variadas cidades.

FREQUÊNCIA

Com centro de compras e freeshops no modelo de Ciudad del Este (Paraguai), Rivera, no Uruguai, também atrai gente de longe só para jogar. Brasileiros são maioria.

"Não adiantou ter fechado os bingos, o pessoal vem para cá", conta uma brasileira de 80 anos, que prefere não se identificar.

Ela afirma que costuma ir com uma amiga de Porto Alegre até Rivera, em uma viagem de seis horas de carro, apenas para frequentar as casas de aposta.

Na porta do cassino local, cambistas ficam de prontidão para trocar os reais por pesos uruguaios, única moeda aceita. Na última quarta-feira, frequentadores passavam até quatro horas seguidas na casa, apostando na roleta ou no black jack.

A sala de caça-níqueis atraía até flanelinhas de Santana do Livramento, em apostas a partir de R$ 1.

No Uruguai, o governo controla o jogo e fica com ao menos 60% do lucro dos cassinos. Parceiros privados podem participar.

A direção do hotel-cassino diz que a ideia é implantar um "modelo Las Vegas" na fronteira uruguaia, com espetáculos e outras atrações.

"O brasileiro gosta muito de jogo. Quem conhece a fronteira vai muito a cassino", diz o diretor de marketing do empreendimento, Raúl Sarasola. O objetivo é atrair até turistas de SP.

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