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Contador de Nem é preso e oferece R$ 3 mil a policiais

13 novembro 2011 - 22h57Por Terra
Depois de ser surpreendido em uma casa no alto da favela da Rocinha, um homem apontado como o contador do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, foi preso na noite deste domingo. Com ele, a polícia encontrou diversas mensagens de pedidos de entrega de drogas em celulares, além de TVs de LCD. Agentes da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon) chegaram até o suspeito depois de receber denúncias anônimas. Para escapar dos agentes, o suspeito ofereceu a quantia de R$ 3 mil, que foi rejeitada pelos policiais.


A delegada da 14ª DP, Flávia Goes, instaurou inquérito policial para apurar o envolvimento de Lopes com o tráfico de drogas na Rocinha. De acordo com ela, o suspeito foi autuado em flagrante por corrupção ativa. A pena é de até 12 anos. O bando de Nem começou a ser desbaratado na quarta-feira, quando um grupo de traficantes em fuga da favela foi interceptado pela Polícia Federal. Poucas horas depois, o próprio líder foi preso tentando deixar o local dentro do porta-malas de um carro.

Hoje, outras cinco pessoas haviam sido presas na favela, entre elas um adolescente, que aparentava ter 15 anos e era procurado pela polícia desde 2009. O jovem foi encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e os outros quatro presos, para a 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea.

Além dos presos, a polícia contabilizava, até a noite deste domingo, nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, a apreensão de cerca de 500 kg de cocaína e maconha, mais de 10 mil munições, grande quantidade de cartões de créditos, dois celulares, três capas de colete à prova de bala, uma camisa da polícia, uma farda camuflada do Exército e 17 máquinas caça-níqueis.

A polícia aprendeu materiais hospitalares - soro e seringas-, uma pistola desmontada, uma réplica de pistola, um notebook, um Ipod, uma câmera digital, 61 bombas artesanais, dois rádios transmissores e uma barraca de camping.

Foi apreendida ainda uma metralhadora medson 762 - que trazia a inscrição "mestre", alcunha usada pelo traficante Nem -, e mais 15 fuzis. A polícia ainda encaminhou para a tenda do 13º batalhão 20 pistolas, uma submetralhadora, duas espingardas, 20 rojões, três granadas 102 carregadores de fuzil e 56 carregadores diversos.

Também foram desmanteladas duas centrais clandestinas de TV a cabo e encontrados R$ 415,10. A polícia afirma que o trabalho de apreensão nas três comunidades ocorrerá 24 horas por dia até quinta-feira. Tudo que for encontrado será levado para a 15ª DP.

A prisão de Nem
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

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