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Informalidade atinge 70% da mão-de-obra na construção

14 junho 2012 - 10h17Por Dourados Agora
Atrás de salários mais atrativos, profissionais da construção civil preferem trabalhar na informalidade ao invés de assinar a carteira de trabalho. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Dourados (Sintracon) o piso salarial de um pedreiro está em R$ 890 enquanto para o servente de pedreiro o valor em carteira é de R$ 660. Hoje em Dourados dos dez mil trabalhadores da área da construção, apenas três mil têm registro em carteira.

Por conta desse baixo sálario pago aos trabalhadores, a maioria vem optando em trabalhar sem nenhum tipo de segurança trabalhista. Na hora de se aposentar, muitos encontram problemas para receber o benefício, uma vez que não possuem tempo exigido de contribuição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Agrenar da Silva Souza de 62 anos é um exemplo. O pedreiro dedicou mais de 40 anos de sua vida em trabalhos na construção civil. Nesse período, atuou apenas 12 anos registrado. No período em que trabalhava com carteira assinada, ele ficou encostado por três anos. De 2006 até o ano passado trabalhou na informalidade novamente e, hoje, com problemas na coluna, não consegue se aposentar.

“Já passei por várias perícias, tenho hérnia de disco e não tenho como realizar mais os trabalhos na área da construção civil. Mesmo assim, não consigo me aposentar. Entrei na justiça para tentar me aposentar mas o processo é demorado e fico parado enquanto isso”, explicou Agrenar.

A aposentadoria não é o único problema enfrentado pelos trabalhadores. Quem trabalha na informalidade não tem direito a benefícios como auxílio doença e auxílio acidente. Para mudar essa realidade, o Sintracon realiza junto com a 2ª Vara do Trabalho de Dourados o projeto ‘Segurança e Saúde no Trabalho’.

Segundo Helton Morais, presidente da Sintracon, a intenção é mostrar os problemas enfrentados por quem trabalha na informalidade. “Vamos alertar os trabalhadores e mostrar as vantagens que ele possui com o registro em carteira e que não devem olhar apenas o salário, mas também os benefícios que eles perdem ao trabalhar na informalidade”, disse Helton.

Com isso, as grandes empresas recrutam funcionários de outros estados para realizarem serviços em Dourados. A falta de mão de obra qualificada também faz com que os contratantes busquem trabalhadores em outras regiões. Segundo Helton, muitas solicitações de pedreiros chegam até os sindicatos, mas muitos trabalhadores não aceitam o serviço. “A grande maioria prefere trabalhar e ganhar R$ 100 por dia do que ter um registro em carteira, os benefícios e a segurança”, explicou Helton

Para acabar com esse cenário em Dourados, o sindicato vai convocar os trabalhadores para participarem de palestras. A entidade também vem atuando na fiscalização das obras em Dourados, verificando se as empresas estão oferecendo equipamentos individuais de segurança para os trabalhadores. Segundo Helton, o registro de acidente nas obras na cidade é baixo.

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