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Produtores questionam investimentos do BNDES em grandes frigoríficos no Estado

15 maio 2012 - 09h16Por Mídia Max
O encontro de produtores rurais de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso na Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) reuniu durante a noite desta segunda-feira (14) deputados estaduais das duas bancadas para discutir o monopólio que vem se formando nos Estados com a compra dos pequenos frigoríficos pelas empresas JBS e Marfrig.

Além disso, foi levantada pelo superintendente da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso) a liberação de verdadeiras fortunas pelo BNDES para comprar pequenos frigoríficos e estes, que precisariam de investimentos para se manter, ficarem sem os recursos. “Em Mato Grosso, são 2 frigoríficos da Marfrig e 15 do JBS, de um total de 39 empresas. Isso representa, porém, mais de 50% do abate de carnes no Estado”, disse.

“Vamos cobrar explicações e tornar pública a nossa insatisfação com esta situação, mostrando a importância de deixar o mercado mais livre”, comentou Luciano.

Associações como a SRB, APR/MT, Asfax, ABCZ, UDR e ANPBC participaram da mesa de discussões para que os produtores pudessem expor suas preocupações em relação apo tema e também alternativas.

O presidente da Acrissul, Francisco Maia, ressaltou que os pequenos e médios frigoríficos mantêm os empregos das famílias no interior do Estado. “Porém, o BNDES parece se importar apenas com os grandes. Com o rompimento deste monopólio, ganhamos o equilíbrio econômico que o Estado tanto precisa”, avaliou Maia.

Carta Campo Grande

A ser discutida com os sindicatos, a Carta Campo Grande deve ser encaminhada em breve para a Comissão Parlamentar Agropecuária da Câmara e do Senado. “O documento será levado à frente parlamentar. É o início para tentar avançar neste sentido. Trabalhamos hoje com crescente desequilíbrio na nossa atividade”, lembrou o presidente da Acrissul.

Na semana passada, ele esteve reunido com 30 deputados envolvidos e os senadores Waldemir Moka (Mato Grosso do Sul) e Kátia Abreu (Tocantins) em Brasília para discutir o tema.

Para Dagoberto Nogueira (PDT), a preocupação é o investimento do dinheiro público para que os grandes adquiram os pequenos frigoríficos. “Com este dinheiro, eles compram os pequenos e estes vão fechando os que geravam empregos e mais oportunidades".

Punição

O vice presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Gado, Sílvio de Castro Cunha Júnior, defendeu a punição dos monopólios. “Acima de 20% da concentração do mercado é considerada monopólio e o estudo da Famasul mostra que estes frigoríficos detêm mais de 50% da produção, 32% somente do JBS, ou seja, queremos a punição para eles”, declarou.

“Temos o Tribunal de Contas da União, as procuradorias, já que o Governo do Estado aprova esta situação e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não resolve”, defendeu.

“O Brasil é um grande exportador e esta situação não pode paralisar a produção, é inaceitável porque isso promove a desaceleração do crescimento econômico. Os grandes frigoríficos precisam ser um pouco mais humildes”, ressaltou Sílvio de Castro Júnior.

Acompanhar o caso

Para a secretária da Seprotur (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo ) Tereza Cristina Dias acompanhou o evento e disse ser muito cedo para qualquer posição do Governo do Estado. “Temos que ouvir os dois lados, ver o que eles alegam. É muito cedo para qualquer posicionamento e vamos confiar no Cade para fazer o trabalho de monitoramento deles que, até agora, não constatou irregularidades”, disse.

“É uma ordem do Governo que todos os frigoríficos que queiram reabrir procurem a Seprotur. Mas é preciso salientar que talvez a capacidade de abate tenha sido mal calculada, por isso tantos estejam fechando as portas. Temos que estudar o caso”, finalizou.

CPI do monopólio

O senador Moka esteve no evento e disse não acreditar na necessidade de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso dos monopólios em Mato Grosso e MS. “Até porque uma reunião está programada nesta terça-feira (15) com o Cade em Brasília e eu vou para discutir o caso”.

“É uma grande concentração na mão de poucos, de forma que pode influenciar no preço da arroba do boi”, disse.

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