Entretanto, como a Europa e os EUA não se recuperaram da crise com a mesma velocidade que o Brasil, enfrentando o risco de deflação, os preços internacionais de produtos manufaturados exportados e importados alteraram-se pouco. A consequência foi um enorme aumento das importações lÃquidas no Brasil, com reflexos na produção industrial e no estÃmulo aos investimentos. Para aferir o crescimento das importações lÃquidas temos de trabalhar com os dados fÃsicos, no conceito das contas nacionais, que mostram as importações e exportações medidas em quantum. Atingimos em 2010 importações lÃquidas próximas de 6% do PIB, com o quantum das exportações constante e crescimento apenas no quantum importado. Se tomarmos em consideração que o setor industrial representa entre 20% e 30% do PIB, e que o setor de serviços, incluindo governo, vai para próximo de 60% do PIB, fica claro que esse aumento de importações lÃquidas teve um efeito muito grande na produção industrial. Deixamos a agricultura de lado não pela sua pequena participação no PIB, mas pelo fato de que exporta commodities, cujos preços se elevaram, fazendo com que se mantivesse como um grande exportador lÃquido.
O fortalecimento do real se deve apenas em parte à taxa de juros mais elevada do que nos demais paÃses. Desde 2002 assistimos a um enfraquecimento do dólar com relação à grande maioria das moedas, inclusive o real, e esse movimento se acentuou em 2010 com a adoção de uma rodada de expansão quantitativa - o QE2 - por parte dos Estados Unidos. O Federal Reserve jogou para baixo toda a estrutura de taxas de juros: as curtas, levando a zero a taxa dos Fed-funds; e as longas, pelas compras de tÃtulos do Tesouro de vencimentos mais longos. Com o enfraquecimento do dólar acentuou-se ainda mais o crescimento de preços de commodities gerado pelo rápido crescimento da China, o que aumentou os ganhos de relações de troca do Brasil, reforçando o fortalecimento do real.