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Estudante que alegou estupro teve sexo consentido fora do campus com homem casado

Estudante que alegou estupro teve sexo consentido fora do campus com homem casado

06 maio 2016 - 08h30Por Dourados News
A jovem de 21 anos que alegou ter sido estuprada na Cidade Universitária, teve relação sexual consentida com um homem casado, de 25 anos de idade, na biblioteca desativada que fica na praça anexa ao terminal de transbordo de Dourados no dia 4 de abril, data em que ela mentiu ter havido o crime. A universitária ficou com medo de contar à família que havia tido a relação, então acusou o ex-namorado, Flavio Mauri de Souza, 36. A polícia não divulgou o nome da jovem e nem o do rapaz envolvido.

Em entrevista coletiva na Delegacia da Mulher na tarde desta quinta-feira (05), a delegada Paula Ribeiro dos Santos Oruê, contou detalhes da investigação que apontou que Flavio não cometeu o crime de estupro.

A apuração começou logo no dia quatro de abril, quando a estudante da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) procurou a Delegacia para denunciar que havia sido vitima de estupro às 10h daquele dia próximo à biblioteca da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

Conforme relata Paula, a jovem então considerada vítima contou que teria ido ao local devolver um livro, quando foi atacada e forçada a ter relações sexuais, sob a ameaça de duas facas. Logo nesse dia, ela acusou Flavio pelo crime e informou que ele era um reeducando do presídio de regime Semiaberto.

Com a versão prestada pela vítima e por ser característica de um crime de estupro não ocorrer com a presença de testemunhas, a delegacia acionou a Polícia Militar, que por sua vez realizou as diligências e encontrou o rapaz em seu local de trabalho. Ele foi levado à delegacia e a todo o momento, negou ter praticado o crime e indicou o nome de testemunhas que poderiam confirmar que ele não teria deixado o local de trabalho em momento algum no período da manhã naquele dia 4, quando a vitima relatou ter acontecido o crime.

"Só que para a infelicidade dele, algumas pessoas apontadas por ele afirmavam que numa janela de horários naquela manhã, não teriam visto esse suspeito no local. Então a gente tinha essa dúvida sobre a estada dele no trabalho durante o período matutino e nós tínhamos a palavra da vítima que, como tínhamos dito, tem enorme força", explica a delegada.

Como a jovem apontou na Universidade, no local dos fatos, haveria vestígios de sangue, uma equipe de perícia da Polícia Civil foi até o Campus. Lá constatou que tanto não havia sangue, como não havia nada no local que pudesse indicar que tivesse havido um crime como o narrado pela moça. Esse foi um forte indício que levou a polícia a suspeitar que o ocorrido, poderia não ter sido ali como a vítima narrou.

Após ouvir várias testemunhas, tanto indicadas pela suposta vítima quanto pelo suspeito, os investigadores chegaram a uma testemunha fundamental indicada pela própria universitária. Tratava-se de uma acadêmica com quem ela havia se encontrado após o suposto crime e a moça narrado a ela o ocorrido. "Pela narrativa da vítima, a gente pode perceber que não era um comportamento compatível com o de alguém que tivesse sido vítima de um crime tão grave quanto um estupro", relata a delegada.

Além disso, dias após o crime a família procurou a polícia para relatar que a universitária mudou a eles sua versão sobre ocorrido. Disse aos familiares que teria inventado "aquela história" porque estava com muita vergonha dos pais, confessando a eles que não havia tido relação com Flavio.

Com essas informações, várias entrevistas informais gravadas foram feitas com a então vítima.

Numa dessas, ela mencionou o nome do rapaz com quem ela realmente teria tido uma relação sexual. Porém, ela insistia que teria sido estuprada, mesmo depois de informado a ela o resultado do laudo pericial.

O laudo constatou que o hímen da jovem estava recentemente rompido, e tanto o sangue nas roupas dela quanto as dores que ela relatou ter sentido, estariam associados às características de uma primeira relação sexual. Não havia qualquer vestígio no corpo dela que indicasse uso da violência.

Insistindo na hipótese de estupro, além do nome, a jovem também informou o local de trabalho do rapaz de 25 anos com o qual teve relações. Ele foi encontrado pela polícia e levado à delegacia, onde narrou com detalhes como foi o ato sexual e disse que não foi no campus da universidade, mas na biblioteca desativada anexa ao transbordo.

Disse que foi consentido, que tinha se arrependido e contato para a esposa, que também foi ouvida e narrou os fatos com os mesmos detalhes do marido.

Com esses depoimentos em mãos, a então vítima foi ouvida novamente para esclarecimentos. Foi só nesse momento em que viu as provas, ela finalmente admitiu que houve consentimento e que mantinha contato com o rapaz de 25 anos de idade. Relatou ainda que relatou o estupro por estava com vergonha da família e medo de qual seria sua reação ao descobrir que havia perdido a virgindade, sendo que ela deveria estar na universidade e não em qualquer outra atividade.

Para justificar porque disse que Flavio a havia estuprado, a jovem contou que teve um rápido envolvimento amoroso com ele e disse à polícia ter guardado muita mágoa dele por ter mentido para ela na época. Como a família não aprovava o namoro, ela relata que seria um nome facilmente aceitável pelos pais como um suposto autor de estupro.

Responsabilizada

A jovem vai responder pelo crime de denunciação caluniosa, porque houve o início de investigação e um autuado em flagrante. Este é um crime mais grave do que a simples falsa comunicação de um crime e pode levar um condenado a ficar de dois a oito anos preso.

Já com relação à Flávio, a polícia relata que será requisitado via oficio o desindiciamento dele, ou seja, para que o nome não conste mais nos autos do inquérito, devido à comprovação de que não houve crime por parte dele.

Flávio está atualmente detido numa das celas do 1º DP (Distrito Policial), ele não foi transferido para um presídio por medidas de segurança, já que a prática de estupro – da qual foi acusado – não é bem aceita pelos demais detentos.

Ele foi preso em flagrante logo após o suposto crime e solto em torno de três dias depois por falta de provas. No entanto, como ao ficar preso não compareceu para dormir no Semiaberto, foi considerado foragido deste estabelecimento penal.

No dia 30 de maio haverá uma audiência de justificativa, em que Flavio poderá justificar que não estava na rua e sim preso, por isso não voltou ao Semiaberto. A defesa dele também terá a possibilidade de apresentar o resultado do inquérito mostrando que não houve crime praticado por ele.

Também compareceram à entrevista coletiva o delegado regional Lupérsio Degerone, e os reitores da UFGD Liane Calarge, e da Uems Fábio Edir. Familiares de Flavio também estiveram no local para pedir justiça.

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