quarta, 24 de abril de 2024
CASO LÉO VERAS

Há dois meses, jornalista executado no Paraguai falava de ameaças para policial de MS: 'Era muito influente'

De acordo com o servidor, as denúncias feitas pelo jornalista resultaram em muitas "prisões e transferências" de pessoas envolvidas em crimes de corrupção.

18 fevereiro 2020 - 14h00

O jornalista Lourenço Veras, de 52 anos, que foi executado com 12 tiros há seis dias, no Paraguai, falou, de maneira informal, com um policial brasileiro da região e que se tornou amigo pessoal dele, sobre constantes ameaças que vinha sofrendo, desde dezembro de 2019.

Conforme o servidor, que não será identificado, a vítima ajudava muitas pessoas tanto em Ponta Porã, como em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia onde morava e mantinha um site de notícias policiais.

"Desde dezembro o Léo vinha mantendo contato e falando que estava recebendo ameaças, tudo de maneira informal. Nós conversávamos e eu o orientava de como agir diante ao que estava acontecendo. Ele era um cara que sabia de muita coisa, ajudava jornalistas do estado inteiro e também estava em um momento de denunciar a corrupção e batendo na polícia paraguaia", disse o policial.

De acordo com o policial, as denúncias feitas pelo jornalista resultaram em muitas "prisões e transferências" de pessoas envolvidas em crimes de corrupção, por exemplo. "Ele era muito influente e querido. O trabalho dele influenciava diretamente nas investigações que ocorrem ali. E ele ficou com medo de registrar tudo isso formalmente e aí sim dar mais problemas para ele", comentou.

 

Entenda o caso

 

O jornalista foi executado por pistoleiros na noite do dia 12 de fevereiro, na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense a 342 km de Campo Grande.

 

Léo Veras é bastante conhecido em Mato Grosso do Sul por seu trabalho. Ele era o dono de um site policial que produzia notícias da região da fronteira em português e espanhol. Frequentemente ele noticiava situações relacionadas ao tráfico de drogas.

 

De acordo com a Polícia Nacional do Paraguai, Léo foi atingido por cerca de 12 tiros de pistola 9 milímetros. Um dos disparos acertou a cabeça dele no momento em que ele tentou correr dos assassinos. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital particular da cidade paraguaia, mas não resistiu.

 

Segundo a ocorrência, Léo estava jantando com a família no quintal de sua casa. Por volta das 21 horas, dois pistoleiros encapuzados chegaram em uma caminhonete branca, entraram pelo portão que estava aberto e invadiram o local. Eles direcionaram os disparos contra o jornalista e foram atrás dele quando Veras tentou correr para a rua.

 

Promotor cita relatos de ameaças

 

O promotor paraguaio responsável pelo caso, Marco Amarilla, informou ao G1 que apurou que o jornalista vinha sofrendo ameaças.. Nos últimos dias, segundo o promotor, Léo Veras estava com medo.

 

"Ele recebeu ameaças nesses últimos dias. Ele estava nervoso, estava inquieto, estava temeroso. Em uma conversa que manteve com sua esposa, ele se despediu, praticamente. Ele disse: “Amor, se cuida, cuida das crianças”. Praticamente se despede de sua família. Ou seja, já sabia que iriam matá-lo", disse o promotor paraguaio.

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