terça, 23 de abril de 2024

Defesa diz que Bumlai é 'isca errada' do MPF para pegar ex-presidente Lula

22 janeiro 2016 - 08h30Por G1
Os advogados do pecuarista José Carlos Bumlai, preso na desde novembro de 2015, na Operação Lava Jato, apresentaram uma resposta às acusações feitas contra ele pelo Ministério Público Federal (MPF), nesta quinta-feira (21). No documento, anexado ao processo que ele responde, eles dizem que a denúncia é uma tentativa de incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"A partir de provas de irregularidades na Petrobras, o nome do peticionário [Bumlai] voltou a aparecer nas manchetes, como se fosse ele a isca perfeita para se conseguir fisgar o peixe (ou melhor, o molusco cefalópode) que muitos queriam – e ainda querem –na frigideira. Acontece, MM. Juiz, que estão usando a isca errada e a denúncia, com suas inúmeras inconsistências e divagações, é a maior prova disso!", dizem os advogados.

O pecuarista foi denunciado pelo MPF por ter feito um empréstimo junto ao Banco Schahin, no valor de R$ 12 milhões, que nunca foi pago. O próprio Bumlai reconheceu, em depoimento, que o dinheiro foi usado para a campanha do Partido dos Trabalhadores (PT) de 2004. Segundo as investigações, o montante era, na verdade, pagamento de propina à legenda, por um contrato com a Petrobras.

O contrato em questão foi o aluguel do navio-sonda Vitória 10.000 para a estatal. A embarcação pertencia à Schahin Engenharia, do mesmo grupo do banco e rendeu mais de R$ 1 bilhão. Tanto no depoimento, quanto na resposta apresentada nesta quinta-feira, o pecuarista volta a afirmar que não sabia, inicialmente, que o negócio se tratava de propina para o PT.

Os advogados contam que Bumlai foi chamado para uma reunião de emergência na sede do PT. Nela estavam presentes o ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, dois sócios do Banco Schahin e dois marqueteiros. Eles teriam explicado apenas que o dinheiro seria usado para pagar dívidas de campanha, mas não disseram nada sobre os contratos com a Petrobras.

Tempos depois, quando teria tentado quitar o contrato, o mesmo funcionário do Banco Schahin disse que a questão já estava resolvida e que nada precisaria ser pago.

###Amizade com Lula

O texto dos advogados defende que Bumlai só teria sido denunciado pela amizade que tem com o ex-presidente. Na verdade, o crime é ser amigo de Lula e, pasme, MM. Juiz, existe até
fotografia de ambos numa festa junina, tornando irretorquível a consumação do delito do art. 362 do Código Penal. Sua ameaça à ordem pública consiste em seu potencial de, no crescendo da indignação, delatar o ex-presidente de alguma forma. Esta é a essência deste processo", afirmam, em tom jocoso, ao citar um artigo inexistente no Código Penal, que vai até o 361.

Os advogados traçam um perfil com a trajetória empresarial de Bumlai e dizem que a amizade com o ex-presidente só começou em 2002, pouco antes da campanha presidencial que levou Lula ao Palácio do Planalto. Dessa amizade, garantem, o pecuarista nunca se beneficiou. "Pelo contrário, desde que sua amizade com o ex-Presidente (por quem, diga-se de passagem, nutre admiração, afeto e respeito) se tornou notória, sua situação financeira só degringolou", pontuam.

Críticas à Lava Jato

No decorrer do documento, os advogados também fazem várias críticas à condução da Operação Lava Jato, reclamam que o juiz Sérgio Moro não teria jurisdição para conduzir as ações penais e reclamam das acusações que foram atribuídas ao pecuarista. Um dos pontos da contrariedade está na denúncia pelos crimes de gestão fraudulenta do Banco Schain, pois ele não teria ingerência sobre a empresa.

Por fim, os advogados pedem acesso às íntegras dos depoimentos de delação premiada que embasaram a prisão de Bumlai, em novembro de 2015. Eles alegam que o MPF não apresentou as gravações, com o conteúdo que foi dito pelos delatores, mas apenas aos termos de declaração, onde constam resumos das falas.

Os advogados também pedem a revogação da prisão preventiva de Bumlai e pedem que o juiz convoque oito testemunhas para falar no processo. Entre elas, estão o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e o ex-presidente Lula.

Em nota, o Instituto Lula, que responde pelo ex-presidente, informou que não vai se pronunciar, porque ainda não teve acesso aos documentos na íntegra.

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