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A febre da depilação íntima masculina

A febre da depilação íntima masculina

27 abril 2012 - 16h20
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Anos depois da palavra "metrossexual" ser incorporada ao cotidiano, ninguém mais se espanta com um homem que faz as unhas ou uma boa limpeza de pele; ultimamente, porém, eles resolveram ir além e se aventurar num território que era exclusivo das mulheres: o da depilação íntima.

O tratamento de beleza "nas partes baixas" – que, como na versão feminina, faz a remoção parcial ou total dos pelos pubianos – está se tornando cada vez mais popular e não só entre os nadadores e modelos de cuecas. "Descobrimos que todo mundo está fazendo", diz Mike Indursky, presidente da cadeia de spas Bliss, que oferece depilação íntima masculina sob o nome de Ultimate He-Wax. "A comunidade gay, os heterossexuais, os conservadores, os liberais. Homens de todas as idades estão fazendo. É muito mais popular do que a gente imaginava." Indursky acrescenta que a Bliss introduziu a opção para os homens em fevereiro de 2011 e deve ver a clientela dobrar até o final deste ano.

A depilação íntima masculina responde por 70% dos agendamentos no Face to Face, um salão nova-iorquino discreto, com uma clientela predominantemente masculina, fundado há oito anos por Enrique Ramirez. "Quando eu comecei, achei que ninguém ia querer, só que o número de clientes não para de crescer", revela ele.

O salão oferece a depilação total, chamada South of the Border (sul da fronteira, em tradução livre), além de tratamentos parciais. Há também algo chamado "pejazzling", onde o cliente pode colocar pequenos cristais em formato de estrela ou golfinho na pele recém-tratada.

Evan Scott é um produtor musical de 32 anos, adepto da depilação íntima há dois. "Eu gosto de manter meu estilo, seja pelado ou completamente vestido, e acho que ela reflete isso", justifica ele. Observando que a prática é comum entre a grande maioria das mulheres, Scott também sugeriu que, se elas fazem, eles também devem aderir. "Se eu espero que a minha namorada faça, não custa nada eu retribuir", filosofa ele.

Sua naturalidade pode ser explicada pelo grande número de famosos que se depilam, como David Beckham e The Situation, para citar apenas dois. "Não é nem querer imitar uma coisa que você viu num filme pornô", diz Jason Chen, editor de estilo da Details. "É questão de se cuidar, de higiene."

Há também aqueles que veem uma vantagem extra em depilar as partes íntimas: o "aumento" da atração principal. "Valoriza o resto porque não tem mais nada para esconder o equipamento", explica Ramon Padilla, diretor do Strip: Ministry of Waxing, um salão de Nova York.

Porém, como a mulherada bem sabe, depilação íntima dói para chuchu. Para lidar com o sofrimento, muitos tomam analgésico antes (o que não é recomendado) ou um copo de vinho para relaxar. No Strip, há uma bola antiestresse em cada uma das salas para os clientes apertarem o quanto for necessário.

Além disso, tem o fato de que nem todo homem fica à vontade tirando a roupa num salão de estética e a experiência pode ser muito estressante, seja o esteticista homem ou mulher. Para esses casos, há aparelhos especialmente criados para aparar os pelos da região íntima em casa.

"Muitos homens estão adotando a ideia. Ficamos surpresos, sim, mas a tendência é muito forte", conta Kristi Crump, diretora de Marketing na América do Norte da linha de cuidados pessoais da Philips Norelco. No ano passado, as vendas dos depiladores para o corpo da empresa subiram 22 por cento, sendo que uso mais comum foi na região genital, de acordo com uma pesquisa.

Pirooz Sarshar, especialista em depilação masculina e criador do site PRZman, é adepto da prática há doze anos. "Para mim, já virou rotina", ele garante. "Eu mesmo faço tudo. Eu me sinto melhor, mais limpo, o visual é outro. Sem contar que é bem mais higiênico."

Como no caso das mulheres, os cuidados posteriores também são importantes, já que a incidência de pelos encravados, que podem infeccionar, é maior. Nas 24 horas depois da depilação, os esteticistas aconselham evitar qualquer atividade que cause o aumento da temperatura local, como sauna, exercícios físicos e sexo.

Apesar da manutenção complicada, os donos de salão juram que os homens não desistem. "Os caras experimentam, olham e sabem que fica muito melhor do que era antes", afirma Indursky do Bliss. "E é verdade. Você se sente mais confiante, faz com que você se sinta mais masculino, e não o contrário. Pode soar como um paradoxo, mas não é."

Seja como for, Padilla, do Strip, revela que muita gente também acaba se submetendo à pressão da parceira. "A grande maioria diz que só resolveu fazer porque a mulher ou a namorada pediu", ele confessa. "Elas até vêm junto e dizem: 'Se eu faço, você também vai ter que fazer'."

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