O mercado de lácteos teve mais uma valorização em julho, com alta generalizada de preços. O valor de referência (usado como base na negociação entre produtores e indústrias) registrou alta de 17,2% para o litro de leite. Os números se referem ao padrão entregue em julho e pago em agosto.
Contudo, nas últimas três semanas de agosto, o setor lácteo recuou consecutivamente, encolhendo 10,4%. Dessa maneira, as projeções são de que o valor de referência fique em R$ 2,81 para o leite entregue em agosto a ser pago em setembro.
O cenário foi apresentado em reunião do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), realizado nesta terça-feira (23).
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“Para julho, tínhamos expectativas de preços recordes. Esse alta se confirmou, mas em agosto o mercado virou. Agora, estamos verificando um recuo gradativo em derivados importantes”, disse o vice-presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi – que representa o Sistema FAEP/SENAR-PR no colegiado.
“Além disso, neste ano, temos tido uma menor captação em relação a anos anteriores. Isso corrobora para preços mais elevados”, diz Volpi.
Produtos lácteos em queda
A interrupção na sequência de altas no mercado lácteo se deve ao desempenho de produtos, como muçarela, leite UHT e queijo prato – três itens mais comercializados no Paraná e que exercem um peso maior no cálculo do valor de referência do leite.
Após terem tido alta expressiva em julho, esses derivados tiveram queda significativa em agosto: o UHT despencou 17%; o muçarela caiu 10%; e o queijo prato, 4,7%.
“Ainda assim, esses produtos seguem com valores nominais bem acima dos registrados no início do ano”, destacou Volpi.
Alguns derivados que não têm comercialização tão expressiva perderam menos preço. É o caso do requeijão, que permaneceu estável; do parmesão, que recuou 1,2%; da bebida láctea, que teve queda de 1,1%; e do creme de leite, de 2,1%. Apenas quatro itens do mix de comercialização mantiveram a alta: leite pasteurizado (2,4%); leite em pó (12,2%); doce de leite (4,2%); e iogurte (2,1%).
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Por fim, Volpi, avalia que, por um lado, a queda no setor lácteo está atrelada ao poder aquisitivo da população. Por outro, o vice-presidente do Conseleite-PR mencionou também o momento difícil pelo qual passa o setor, pressionado por aumentos consecutivos dos custos de produção e desafios externos.
“Temos enfrentando uma série de dificuldades, começando por questões climáticas, desestímulos ao setor, culminando com muitos produtores abandonando a atividade. Neste momento, reputamos que essa queda tem a ver mais com o fato de os preços terem batido no teto para o consumidor do que com questões relacionados à produção”, avaliou.