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'Fecho o olho e lembro das facadas', diz garota agredida

'Fecho o olho e lembro das facadas', diz garota agredida

16 dezembro 2011 - 13h10
G1

"Toda vez que eu fecho o olho, eu lembro das tijoladas, das facadas, sei lá", disse a adolescente que acusa colegas de agressão e está internada em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No hospital, ela contou ao programa Mais Você como foi agredida e disse que tem medo de voltar para casa.

A adolescente está internada desde segunda-feira (12). Ela foi socorrida em uma rua do bairro São José pela Polícia Militar (PM) e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo a PM, a vítima relatou que quatro colegas de escola tiraram parte da roupa dela, a agrediram com um objeto perfurante e atearam fogo nas pernas dela. A garota também sofreu queimaduras de segundo.

"Para minha casa antiga, eu não quero voltar. Não quero porque se acontecer de eu trombar como uma dessas meninas na rua, elas quiserem fazer isso de novo, vai ser outra dor, eu não quero sentir isso de novo", disse.

Segundo relato da garota, ela foi chamada por quatro colegas para um fazer um passeio e, quando chegaram perto de um matagal, uma delas parou e disse que queria fazer xixi. "Eu disse, também quero. Quando abaixei , elas me deram duas tijoladas na cabeça, ai vieram com a faca, ai foi me esfaqueando toda. Na hora que elas viram que eu não tava muito boa, muito legal, jogaram álcool e colocaram fogo. Eu não sei como eu consegui correr, tirei a blusa pra apagar o fogo, ai eu cai no chão e consegui gritar. Vieram e me socorreram", falou.

Para a mãe da adolescente, a violência foi cometida por causa de um antigo relacionamento da filha com o ex-namorado de uma das agressoras, que frequentava a casa da família. "Eu conhecia todas elas, mas a L. [ uma das garotas acusada pela vítima], que foi a principal, esteve na minha casa duas semanas antes do ocorrido, no quarto da Estela. Lanchou lá e saíram juntas, voltaram de uma passeio à noite. Eram amigas", contou Cláudia Santos Máximo.

"Espero que a Justiça seja feita, eu não quero que ela seja ferida como minha filha, não quero que ninguém a mate. Eu quero que ela encontre Deus, que seja tratada, pois é so uma criança. A gente não sabe o que leva uma pessoa a fazer isso", lamentou Cláudia. A mãe disse que a filha levou 15 facadas, foi queimada, teve os pulmões perfurados e passou por cirurgia para a retirada de um dos ovários.

Nesta quinta-feira (15), a assessoria de imprensa do Hospital Regional Professor Osvaldo Franco, onde a vítima está internada informou que o quadro da menina tem apresentado melhora contínua e existe perspectiva de alta dentro de uma semana. Apesar dela ter dificuldade ainda para respirar, já se movimenta bem, caminhando inclusive pelo quarto, relatou a unidade de saúde.

Investigação por tentativa de homicídio
O caso é considerado pela Polícia Civil como tentativa de homicídio. A polícia informou ao G1 nesta sexta-feira (16) que uma garota de 14 anos indicada pela vítima está apreendida na 2ª Delegacia de Polícia de Betim, em uma cela separada para adolescentes. Ela negou ter cometido a violência e vai ser ouvida por um juiz. Ainda segundo a polícia, outras duas adolescentes, de 12 e 13 anos, foram ouvidas e liberadas porque o tempo do flagrante já havia passado. Elas negaram envolvimento na agressão e apontaram um outra suspeita, que seria maior de idade, e ainda não foi localizada.

Como o caso envolve menores de idade, a Polícia Civil informou que foi aberto um Procedimento de Apuração de Ato Infracional por tentativa de homicídio e não um inquérito. Esse procedimento é uma investigação para ouvir suspeitos e esclarecer a motivação e os culpados pelo crime.

Ao fim da investigação, a delegada Cristiane Oliveira, responsável pelo caso, vai apresentar as conclusões ao Juizada Especial da Infância e da Juventude. Para concluir as apurações ainda é preciso ouvir a vítima, o que vai acontecer após o recebimento da alta médica. Ainda segundo a polícia, a menor que está acautelada na delegacia já foi apresentada à Promotoria da Infância e da Juventude e está a disposição da Justiça.

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