A morte da professora Andréia Luna de Araújo comoveu a classe trabalhadora nessa semana. “Esperando por dias melhores”, como ela postou recentemente com uma foto mostrando o antes e depois de descobrir a doença, a jovem faleceu no dia 17, antes mesmo de avaliar novas possibilidades e recursos para saúde na cidade de Barretos, interior de São Paulo. Por aqui, ela, como escreveu, não teria obtido muitos resultados.
No facebook, vários professores e amigos postaram comentários a respeito de Andréia, a quem eles chamam de “grande guerreira”. Em suas postagens na rede, ela mostrou que amava a vida, a profissão e demonstrava que não desistiria tão fácil da luta.
O Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores de Educação) também publicou uma nota de pesar pelo falecimento da professora no site da instituição. Além de professora, ela também foi da Partulha Mirim. “Sua trajetória na Patrulha Mirim foi um grande exemplo, como minha comandante do PEF e da AFO. Por sua humildade, garra e força, sempre será lembrada", afirmou o presidente do Conselho Municipal de Juventude, Gleiber Nascimento.
Vida e suas ironias
A vida, Andréia destacava ser cheia de ironias. “Quando encaramos provas de fogo e sentimos na pele o que é o sofrimento e dor, passamos a ver o mundo de outra forma.Eu mesma era muito feliz e não sabia. Vida irônica!”, escreveu ela.
Em uma dessas “peças que a vida prega”, ela contou uma história que prova um pouco disso: “Veja só que ironia. Hoje ao chegar ao Hospital do Câncer de Dourados, no aguardo para retorno médico, certo homem vira-se pra mim, me cumprimenta e pergunta se estou bem. Respondi que estava em tratamento há seis meses e tal... Ele me relatou brevemente sobre seu problema de saúde também e queria saber como funciona a quimioterapia, já que ele iniciaria naquele dia.O fato é que há tempos atrás senti muita raiva desse homem por ter feito o que fez com nossa cidade, mas ao vê-lo enfrentando tudo o que já enfrentei me vi no mesmo barco e o amor ao próximo falou mais alto. Minha raiva passou, mas, mesmo querendo pra ele o bem, jamais o quero novamente na política Douradense. Ficou fácil agora saber que esse homem da qual me refiro, chama-se ARY ARTUZI”. Amigos elogiaram a postura dela e afirmaram que poucos teriam a mesma atitude.
A esses fatos ela denominava “Doses de Realidade”. Em dezembro de 2011 ela esteve no pronto socorro de outro hospital e disse que lá havia três homens, sendo um idoso, que se recuperava de uma cirurgia, e dois jovens que tinham ingerido muita bebida alcoólica. Ao ver a situação dos rapazes, o senhor teria sentado na cama e questionado: “Mas pra que se matar desse jeito se a vida é tão boa de ser vivida?”. “Porém, a conclusão que chego é que muitos não dão valor à vida, e só passam a dar valor mesmo quando sentem na pele o que é verdadeiramente a dor e que sempre vale à pena ouvir a voz de quem já é muito experiente de vida, pois as palavras desse sábio, guerreiro e determinado Senhor eu jamais me esquecerei”, escreveu Andréia.
Tratamento
Uma matéria divulgada pela assessoria do senador Delcídio do Amaral mostrou que ele conversava com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com quem discutiu investimentos em quatro municípios e também a implantação, em Mato Grosso do Sul de extensões do Hospital do Câncer de Barretos. A verba, no entanto, seria para Camapuã, Inocência, Fátima do Sul e Coxim. Esse fato seria para diminuir a procura no hospital de Barretos e para trazer mais conforto aos pacientes.
O site Midiamax apontou em recente matéria que cresceu o número de pacientes com câncer do estado que procuram tratamento em Barretos. Lá, mesmo privado, o hospital é referência em tratamento oncológico pelo SUS.
O material aponta que se a doença precisa ser combatida de imediato a “cura, já rara, torna-se improvável”. Além disso, outra divulgação mostrou que a “omissão do estado favorece privatização do setor no MS”. “Com isso, pacientes da região da fronteira chegam a viajar mais de 25 horas, ida e volta, para uma única sessão de radioterapia ou quimioterapia em Barretos”,aponta a notícia.
Mesmo assim, o hospital de Dourados, disse que reduziu em 70% as viagens de pacientes para Barretos.