sexta, 07 de fevereiro de 2025
123 ANOS

Campo Grande se prepara para o futuro, mas sem esquecer e preservar sua história

26 agosto 2022 - 12h30Por G1-MS

Campo Grande celebra 123 anos nesta sexta-feira 26 de agosto. Capital de Mato Grosso do Sul, o município se aproxima do seu primeiro milhão de habitantes. Uma estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que até 2021, a população do município era de 916.001 pessoas, o que representa um aumento de 129.204 habitantes desde o último censo realizado em 2010.

A cidade, conhecida pela acolhida a pessoas vindas de todo o Brasil e de outros países, reflete essa diversidade, que mescla a influência dos povos indígenas, dos imigrantes paraguaios, bolivianos, japoneses, sírio-libaneses e europeus e ainda de outros estados brasileiro na construção de sua identidade cultural.

Segundo o historiador Roberto Figueiredo, um dos principais marcos da história da cidade foi a Ferrovia Noroeste do Brasil.

"Campo Grande vem em uma crescente ao longo dos anos, e é muito importante na história lembrarmos que a alavanca principal para o crescimento da cidade foi ligação com a ferrovia. No momento em que a Ferrovia Noroeste do Brasil passa por Campo Grande, ela muda toda a importância da geografia no centro-oeste, tudo era voltado para o norte, mas quando a estrada de ferro passa por aqui e liga Corumbá e posteriormente o Paraguai, muda a importância da cidade, Campo Grande se tornou um centro", esclarece o professor mestre.

Com uma área de mais de 8 mil km², a cidade tem bairros mais populosos que várias cidades de Mato Grosso do Sul, como é o caso do Aero Rancho, maior da capital, com mais de 36 mil habitantes, conforme o último Censo.

Ar interiorano

Apesar do desenvolvimento acelerado nos últimos anos, a capital ainda preserva alguns aspectos interioranos. O historiador explica que a própria população gosta e reforça essa característica da cidade.

"Quando pensamos nessa característica interiorana de Campo Grande, temos que entender que durante muito tempo ela não foi uma capital, era apenas uma cidade do interior de um estado muito grande, e de repente ela se transforma em Capital. Então essa característica de interior se manteve enraizada na história e na população. Isso torna única a nossa cidade e é sim tido como uma vantagem, sendo positivo para qualidade de vida", explica.

História do nome

Fundada pelo mineiro José Antônio Pereira, Campo Grande inicialmente se chamava de Arraial de Santo Antônio.

"Primeiro a cidade se chamou Arraial de Santo Antônio, e depois surgiu Campo Grande. O nome surgiu por conta do fundador da cidade sempre falar que o lugar tinha campos grandes, e isso foi pegando, até que a cidade foi assim nomeada", esclareceu Roberto Figueiredo.

Mas além da troca de nome, Campo Grande também é conhecida por um apelido muito especial e carinhoso "Cidade Morena", dado por religioso e que logo caiu no "gosto" da população.

"A capital foi carinhosamente apelidada de 'Cidade Morena' pelo arcebispo dom Francisco de Aquino Correia, nascido em Cuiabá, em 1885. Ele gostava de relacionar nomes de cidades com algo que ele achasse parecido na natureza e, devido à cor da terra que existe na região, ele deu esse apelido", informou o historiador.

Mudanças ao longo do tempo

Para registrar as mudanças da capital sul-mato-grossense ao longo dos anos o professor e historiador Roberto Figueiredo fez uma exposição. Ele reuniu imagens da década de 30 do século passado e fotos atuais dos mesmos locais. O resultado da mostra "Campo Grande Tem História" é uma viagem no tempo, que mostra o antes e o depois da capital. Confira abaixo algumas das fotos:

A história em construções

Como toda cidade, Campo Grande possui monumentos históricos. Além de indicar aspectos históricos, as construções revelam a cultura, a tradição e a identidade do povo campo-grandense.

Confira alguns deles:

Obelisco (1933)

Projetado pelo Engenheiro Newton Cavalcante, o Obelisco de Campo Grande foi erguido em homenagem aos fundadores da cidade. A construção possui um medalhão com a efígie do fundador José Antônio Pereira. É tombado como patrimônio histórico do município.

Localização: Avenida Afonso Pena com a Rua José Antônio.

Monumento das Araras (1964)

Criado pelo artista plástico Cleir Ávila, o Monumento das Araras fica na Praça União, mais conhecida como Praça das Araras. A obra de arte objetiva despertar o interesse da sociedade para a preservação das espécies e da natureza.

Localização: entre as ruas João Rosa Pires e Terenos.

Busto José Antônio Pereira (1972

Encomendado pela colônia libanesa, o busto é homenagem ao fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira.

Localização: cruzamento das avenidas Afonso Pena e Calógeras.

Monumento da Imigração Japonesa (1979)

A obra de Choji Oykawa reproduz a maquete de uma típica casa japonesa. Foi construída em homenagem aos 70 anos da imigração dos japoneses em Campo Grande.

Localização: o Monumento da Imigração Japonesa está fixado na Praça da República, popularmente conhecida como Praça do Rádio Clube.

Zarabatana (1993)

Com aproximadamente 12 metros de altura, o Monumento à Zarabatana (lança dardos) possui formato de tubo e homenageia as culturas indígenas de Mato Grosso do Sul. A construção foi feita em forma tridimensional, com tijolos com características medievais.

Também é conhecido como Monumento ao Índio. O autor do projeto é o arquiteto Roberto Montezuma.

Localização: Parque das Nações Indígenas, nos altos da Avenida Afonso Pena.

Cabeça de Boi (1995)

O Monumento da Cabeça de Boi foi idealizado em ferro e aço inoxidável pelo artista plástico Humberto Espíndola e no bairro Amambai – o mais antigo da cidade.

A obra faz referência à história antiga, já que no local um açougueiro fixou a ossada do crânio de um boi para orientar trabalhadores e viajantes que passam pela região.

Localização: Praça Cuiabá, Avenida Duque de Caxias.

Estátua do Preto Velho (1995)

Monumento religioso, a Estátua do Preto Velho faz homenagem a cultura ameríndia, mais conhecida como umbandista – formada por religião, danças e folclore.

Localização: Praça do Preto Velho, no entroncamento da Avenida Noroeste (também conhecida como Avenida Fábio Zahran) com a Rua Senador Ponce, na Vila Progresso.

Carro de Boi (1996)

O ponto onde a cidade surgiu, na confluência dos córregos Prosa e Segrego, abriga o Monumento aos Pioneiros.

Popularmente conhecimento como Carro de Boi, o painel que registra o início da ocupação urbana de Campo Grande, foi projetado pelas artistas plásticas Neide Ono e Marisa Oshiro Tibana.

Localização: cruzamento das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Ernesto Geisel.

Relógio Central (2000)

Conhecido como Relógio da 14, o monumento do Relógio Central Renato Barbosa Rezende foi construído pelo Rotary Clube no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Calógeras e é uma réplica do antigo relógio da Rua 14 de Julho – inaugurado em 1933, na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho.

O antigo monumento, demolido em nome do progresso em 1970, era ponto de referência de encontros políticos, desfiles cívicos, passeatas e manifestações culturais.

O atual Relógio é uma cópia idêntica do original, em alvenaria e com cinco metros de altura.

Tuiuiús do Aeroporto (2000)

Popularmente conhecido como Tuiuiús do Aeroporto, o Monumento Pantanal Sul é de autoria do artista plástico Cleir Ávila.

A obra revela três aves da espécie típica do Pantanal em referência à aviação. Os animais estão em posição de pouso, decolagem e abastecimento.

Localização: Aeroporto Internacional de Campo Grande.

Monumento aos Cavaleiros Guaicurus (2004)

A obra que homenageia os índios guerreiros da etnia Guaicurus. A construção de sete metros de altura 900 quilos mostra um indígena montado a cavalo. Os nativos foram os primeiros da América do Sul a domarem os cavalos, trazidos pelos espanhóis.

Em Mato Grosso do Sul, os remanescentes mais próximos dos Guaicurus são os índios Kadiwéus. A estátua foi construída em armação de ferro e é revestida com uma mistura de resina e pó de mármore. A autoria é do escultor Anor Pereira Mendes.

Localização: Parque das Nações Indígenas, nos altos da Avenida Afonso Pena.

Monumento do Sobá (2009)

Mais uma obra de arte concebida pelo artista plástico Cleir Ávila. Popularmente conhecido como Sobá Gigante, o Monumento do Sobá tem quatro metros e meio de altura e homenageia a colônia japonesa e a sua culinária, que virou marca registrada em Campo Grande.

Hoje, o prato de macarrão que mistura a tradição japonesa com a criatividade do povo campo-grandense é comida típica da cidade e se tornou patrimônio cultural imaterial.

Localização: Feira Central, nos altos da Rua 14 de Julho.

Índia Terena (2012)

A escultura da Índia Terena homenageia a mulher indígena, o trabalho do cultivo e a produção artesanal.

Foi construída pelo artista plástico Anor Pereira Mendes e possui três metros de altura. Localização: Mercadão Municipal de Campo Grande, na Rua Sete de Setembro, Centro.

Guampa de Tereré (2014)

Feita em armação de ferro, com resina de poliéster e areia, o Monumento Guampa de Tereré possui 300 quilos e seis metros de altura. Foi confeccionado pelo artista plástico Anor Pereira Mendes em homenagem as tradições sul-mato-grossenses.

Localização: Orla do Aeroporto Internacional de Campo Grande, na Avenida Duque de Caxias.

Estátua Manoel de Barros (2017)

Com 1,38 metro de altura por 1,60 metro de largura, a escultura de bronze do poeta Manoel de Barros permite a interação com o público.

Concebida pelo artista plástico Ique Woitschach, a estátua fica embaixo de uma figueira centenária e faz alusão ao desejo do artista, que queria virar árvore depois que morresse.

Localização: Avenida Afonso Pena, entre as ruas Rua Barbosa e Pedro Celestino.

Maria Fumaça (2018)

Em homenagem a antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil (NOB), o Monumento da Maria Fumaça possui cinco metros de altura por 20 de comprimento – pensando 20 toneladas.

A obra fica suspensa em um balanço, com impressão de levantar voo. Inaugurada na era da tecnologia, a Maria Fumaça possui um QRCode com um texto informativo, produzido pelo professor Paulo Cabral, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

Localização: cruzamento das avenidas Mato Grosso e Calógeras.

Novo Relógio (2019)

Segundo monumento que relembra o antigo Relógio da Rua 14 de Julho – inaugurado em 1933 e demolido em 1970. A escultura do Novo Relógio da 14 é feita em perfis metálicos, sendo totalmente vazada.

O projeto é dos arquitetos César da Silva Fernandes e Inácio Salvador, responsáveis pela remodelação da Rua 14 de Julho.

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