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Sem parceira, Fabiana Beltrame diz: ‘Ninguém carrega um barco sozinho’

Sem parceira, Fabiana Beltrame diz: ‘Ninguém carrega um barco sozinho’

13 janeiro 2012 - 15h20
Globo

O vento contra já foi bem mais forte. Ainda assim, Fabiana Beltrame segue remando contra a maré. Ao conquistar o primeiro título mundial da história do remo brasileiro, a atleta do Flamengo imaginou que a inédita façanha lhe traria muitos frutos, quem sabe até proporcionaria um grande salto em sua carreira. Mas nem tudo mudou como esperava. A seis meses de Londres-2012 e a apenas dois do Pré-Olímpico, a atleta de 29 anos ainda não tem parceira definida e permanece à procura de patrocínio pessoal.

No dia 2 de setembro de 2011, Fabiana Beltrame marcou de vez seu nome na história de uma das mais antigas atividades esportivas praticadas no Brasil ao conquistar a primeira medalha de ouro do país em mundiais. O remo, que chegou a dar origem a vários famosos clubes de futebol, nunca conseguiu, porém, ultrapassar as barreiras do amadorismo. Aos trancos e barrancos, o esporte ainda resiste ao tempo e à falta de estrutura graças a talentos que se sobressaem apesar das dificuldades.

O histórico feito da remadora de Florianópolis no Mundial de Bled, na Eslovênia, teve reflexos dentro e fora da água. As garagens dos clubes encheram de crianças e adolescentes, o esporte ficou mais conhecido entre o grande público e Fabiana ganhou status de uma das principais atletas do país, chegando a disputar o prêmio de Melhor do Ano oferecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, ao lado das saltadoras Fabiana Murer e Maurrem Maggi. O que parece ainda não acompanhar o ritmo das mudanças é o apoio financeiro. Mesmo depois do feito, a remadora rubro-negra segue sem patrocínio.

- Eu estou sem patrocínio e não tenho perspectivas nenhuma. O clube me dá condições muito boas, disso não posso reclamar. Mas achei que, com os resultados desse ano, fosse conseguir alguma coisa. Coloquei um empresário e assessoria de imprensa para me ajudarem nisso. Mas, por enquanto, não tenho nada palpável. A Adidas me dá uma assistência mais de material e tem a ajuda da confederação. Mas não é a mesma coisa - explicou.

Não é apenas dinheiro que falta na preparação da atleta a caminho de sua terceira participação olímpica. A primeira remadora brasileira a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas-2004, ainda está à procura de uma parceira para completar o double skiff leve, prova que pretende disputar em Londres. Fabiana costuma competir no single skiff, mas o barco solitário não faz parte do programa olímpico.

- Os atletas costumam treinar o ciclo olímpico todo com o barco montado. Às vezes, tem uma mudança ou outra, mas a base da formação é a mesma. Então, já chega nas Olimpíadas muito preparado. Aqui no Brasil ainda não é isso o que acontece. Se tivesse um planejamento melhor, se tivesse alguma outra remadora que fosse final A, ou até mesmo final B, já daria para montar um double. Talvez para 2016 isso seja possível. Ninguém carrega um barco sozinho. Eu dependo de uma parceira boa - ressaltou.

Faltando um pouco mais de dois meses para o Pré-Olímpico, Fabiana e outras duas remadoras começam a testar a partir deste domingo a formação ideal do double brasileiro que lutará pela classificação, de 22 a 25 de março, em Tigre, na Argentina. Camila de Carvalho e Luana Bartholo são as candidatas à segunda vaga.

- Vamos ficar revezando. Acho que vou treinar uma semana com uma e uma semana com outra. Depois, vamos fazer tomadas de tempo. É pouquíssimo tempo, estamos atrasados. Mas é o que tem. Então, temos que correr atrás do prejuízo, treinar de segunda a segunda – disse Fabiana, que nunca remou ao lado das duas candidatas.

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