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Siluandra deixou para trás a infância pobre e os problemas com a balança, emagreceu 30kg e virou uma nova mulher

Siluandra deixou para trás a infância pobre e os problemas com a balança, emagreceu 30kg e virou uma nova mulher

19 outubro 2011 - 17h00
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Aos 17 anos, Siluandra Scheffer foi demitida da loja de roupas onde trabalhava como vendedora, em Palhoça, interior de Santa Catarina. O motivo: excesso de peso. A então adolescente de 1,64 de altura pesava 80 quilos e seu índice de massa corporal (IMC) já a colocava no grupo dos obesos. Triste, continuou a engordar, perdeu a coragem de encarar a balança e descuidou de quanto marcavam os ponteiros.

“Quanto mais falavam que eu estava gorda, mais comia”, relembra.

De família pobre, Siluandra falava errado, tinha os dentes tortos e cabelos mal cuidados. “Não tinha dinheiro para ir ao cabeleireiro e meu pai não deixava gastar com coisas que, para ele, eram futilidade”, relata. Na época, o guarda-roupas da moça se resumia a uma calça, uma blusa de frio e outra de calor e um par de sapatos.

“No inverno, usava tamanco com meia porque não tinha outra opção”, recorda.

Mesmo sem recurso para cuidar do visual, e muito menos para entrar em uma academia ou consultar um nutricionista, Siluandra decidiu emagrecer por conta própria. O motor propulsor para a mudança foi um sonho escondido desde a infância: virar miss.

“Quando era criança, via os concursos escondida dos meus pais. Achava lindo. Sempre quis ser miss e coloquei isso como meta”, conta.

O primeiro passo foi diminuir a quantidade de comida ingerida diariamente, tarefa difícil em uma família de italianos. O pão, feito em casa pela mãe, foi reduzido de quatro para duas fatias e depois para apenas uma. E o mesmo foi feito com outros alimentos. Com o tempo, ela foi percebendo quando ficava saciada, sensação perdida antes quando, admite, comia muito mais por compulsão do que por fome.

“Sentia falta de apoio, de carinho, não tinha autoestima e muitas vezes fui humilhada por ser tão simples”, diz.

Só com esta "auto reeducação alimentar", Siluandra perdeu 8kg. “Quando reduzi meu peso, achei que já estava bem e me inscrevi nas seletivas do concurso de miss. Era eliminada na primeira fase, com a alegação de que estava gorda.” E estava mesmo.

Segunda etapa

Para tentar alcançar seu sonho, Siluandra decidiu prestar atenção no que colocava no prato. Mas fazer as refeições com os pais e os dois irmãos, todos magros, estava incompatível com a silhueta que queria um dia exibir.

“Em um almoço de domingo, com arroz, macarrão e outras delícias italianas na mesa, minha família estava comendo e comecei a chorar. Queria comer mais e não podia. Estava sofrendo. Minha mãe, ao ver a cena, sugeriu uma solução: ela faria meu prato. Eu só poderia comer o que ela colocasse lá e passaria a fazer as refeições em outro ambiente”, relata.

Foi o começo de um emagrecimento que levou quatro anos para se consolidar, mas resultou em 19 quilos a menos. Durante esse período, Siluandra arrumou outro emprego e economizou o quanto pode de seu salário mínimo, escondido dos pais. “Fui educada para ser nada. Minha mãe é analfabeta, nunca fui incentivada a emagrecer ou estudar. Meus pais não queriam nada demais para o meu futuro. Eu já havia sido babá, empregada doméstica, faxineira. Era isso.”

Com a economia feita às escondidas ela arrumou os dentes, passou a frequentar o cabeleireiro e a manicure, cuidou da pele e foi desenhando o novo corpo que exibe hoje. Mas o processo não foi indolor. Ela teve crises de identidade e ficou confusa com a forma que refletia no espelho.

“Não me reconhecia. Parecia que tinha perdido algo, me achava estranha.” O mais difícil foi superar essas fases sem apoio da família.

Três vezes miss

Aos 21 anos, seis meses antes do concurso de miss e já mais satisfeita com a própria aparência, decidiu apostar na dieta da sopa, que fazia sucesso na época e tinha como garota-propaganda a modelo e atriz Adriane Galisteu.

“Como não tínhamos uma grande variedade de verduras e legumes em casa, minha mãe fazia a receita com o que tinha na geladeira. Passei a substituir o jantar, abandonei de vez os doces e emagreci mais 11 quilos. Pesando 49kg, finalmente me sentia pronta”, descreve.

No dia do concurso, ninguém da família estava na plateia para aplaudi-la quando foi coroada miss da cidade. “Eles não acreditavam no meu sonho. Ainda bem que não me contentei com aquilo que meus pais queriam para mim.”

Dois anos depois, Siluandra também ganhou outros dois concursos, um novamente em sua cidade e outro em Indaial (no Vale do Itajaí, também em Santa Catarina). E ficou em quinto lugar no Miss Santa Catarina.

“Se eu tivesse 10 centímetros a mais de altura, ninguém me segurava. Ia ser miss Brasil”, acredita, convicta.

Tendo realizado seu sonho, Siluandra deixou a época das competições para trás, fez curso de oratória e hoje se dedica a dar palestras sobre emagrecimento saudável. Também escreveu o livro “O diário de uma ex-gordinha” (Editora BestSeller). E nunca mais abandonou os cuidados com a alimentação e o corpo.

Há um ano, ela colocou 285 ml de silicone nos seios. Faz drenagem linfática ou manthus semanalmente e também não falta às consultas com a dermatologista.

Na rotina da reinventada Siluandra estão duas horas de ginástica diárias – de preferência, spinning e musculação –, de segunda a sábado. Domingo, embora não vá à academia, ela sai para correr. A alimentação, a cada três horas, é equilibrada. No café da manhã, não abre mão de pão integral, ricota e café preto. Depois, um shake de proteína de lanche e salada para o almoço.

“Não sofro. Meu prazer não está na comida, mas sim em colocar um biquíni e me sentir bem”, declara.

A refeição mais robusta fica para o jantar, quando come um grelhado e duas colheres de arroz, na companhia do namorado. Ela também aboliu o refrigerante, mas garante que não é escrava da dieta.

“Saio para tomar um espumante com meus amigos e, se tiver vontade de comer, como. Depois, compenso. Hoje, tenho um autocontrole impressionante. É muito bom ser dona da própria vida, dona de mim”, diz.

Satisfação

Uma das grandes satisfações de Siluandra é ser motivo de orgulho para os pais. O casal, agora, compreende e dá valor a todos os percalços passados por ela e se sente feliz em ter uma filha escritora.

“Sou um exemplo”, diz.

Outra realização é passar por uma loja e escolher qualquer peça de roupa. “Eu olhava a vitrine e pensava: ‘um dia vou entrar e escolher a roupa que quiser’”. Os sunquínis deram lugar a biquínis cortininhas e fio-dental e a vergonha de posar para fotos foi completamente abandonada.

“Não me sinto mais inferior a ninguém, entro nos lugares de cabeça erguida e não tenho mais vergonha do meu corpo. Agora, tenho autoestima”, diz, confiante. Hoje, ela não só define o que quer vestir como pede tamanho P.

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