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Michel Teló fecha o ano como o grande pop star internacional do Brasil

26 dezembro 2011 - 10h20Por Agência Estado
Desde que Cristiano Ronaldo comemorou um gol com a coreografia de Ai Se Eu Te Pego, espécie de macarena pós-internet do pop brasileiro, a popularidade de Michel Teló se alastrou exponencialmente além do Atlântico. O vídeo da canção já ultrapassa 86 milhões de acessos, está disponível com subtítulos em espanhol, inglês e hebraico e tem remixes de trance e outras vertentes eletrônicas feitos por DJs dos quatro cantos da Europa.

Mas embora Teló seja o grande hit popular do Brasil este ano, sua fama além-mar é completamente inesperada. Ai Se Eu Te Pego é uma destas aberrações do YouTube, como Friday, de Rebecca Black, se considerarmos que a música é projetada com pouco polimento (em termos de produção) para agradar a um grupo especificamente brasileiro, que tem o show e a balada como principais formas de consumo e vídeos e discos como teasers (os dois discos de Teló são ao vivo - um chama-se Michel Teló na Balada, vem acompanhado de DVD e foi lançado bem depois do artista estourar na internet).

É uma tática sincronizada com a realidade atual, em que o YouTube é a soberana gravadora, distribuidora e loja de discos (vendidos gratuitamente) da música popular. Trata-se do oposto da estratégia de Paula Fernandes, por exemplo, fenômeno feminino do sertanejo que, em contrapartida a Teló, é cria de gravadora, vai aos Estados Unidos agora em uma jogada de marketing para gravar com a musa country Taylor Swift, e mesmo assim tem um terço das visualizações do cantor no YouTube.

O que nos traz às qualidades que fazem de Michel Teló o fenômeno do ano. O cantor paranaense é, em primeiro lugar, um showman sertanejo tradicional. Toca sanfona e se apresenta em festas e festivais do gênero desde os 12 anos. Fez carreira com o Grupo Tradição, de Mato Grosso do Sul, e, durante anos de estrada familiarizou-se com todos os aspectos do show biz. A cara é de molecão, mas esconde que Teló, aos 29 anos, é macaco velho.

É curioso que o cantor tenha ficado famoso somente nos últimos dois anos. Sobre o palco, como mostrou nesta quinta-feira, no Vila Country, em seu último show em São Paulo este ano, seu carisma e confiança são notáveis, como os de um anfitrião que dá uma cobiçada festa mas não deixa de entreter nenhum dos convidados.

A segurança de Teló apazigua suas fãs. Existe a tietagem, mas esta é comedida, como se as moças tivessem certeza de que Teló vai levá-las para casa depois do show, não para uma transa mas para a continuação da vida conjugal.

Trata-se daquela rara e impalpável qualidade que os americanos chamam de star power. No caso de Teló, faz seu sorriso e bom-mocismo fluírem com sinceridade e se multiplica-se à medida que o cantor intensifica sua interação com a música.

É um showmício de Teló. Se pedisse votos para vereador, seria eleito na hora. Se fosse concorrente do American Idol, sua interpretação de Ei, Psiu. Beijo Me Liga, provavelmente arrancaria um daqueles breves silêncios seguidos das palmas de Simon Cowell.

Na set list de Teló, hits cantados com afinação minuciosa, outro resultado dos anos passados na estrada. Além de Ei, Psiu, que começa o show, há Fugidinha aquele safado hit de 2010 ('vou dar uma fugidinha com você') e a ótima Humilde Residência, música recente que deve ser seu próximo hit ('Vou te esperar na minha humilde residência, para a gente fazer amor. Mas eu te peço só um pouquinho de paciência. A cama tá quebrada e não tem cobertor'). Como Ai Se Eu Te Pego e outras, a safadeza de Teló em Humilde Residência, tem tons quase infantis. Isto vem da simplicidade melódica, que lembra cirandas, e no caso de Residência, também da própria letra, que ri de uma relação com pouca verba.

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