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Prefeito de Pedro Juan briga com irmão senador e ameaça renunciar

15 setembro 2011 - 10h38Por Correio do Estado
O intendente (prefeito) de Pedro Juan Caballero (Paraguai) que faz fronteira com Ponta Porã (MS), José Carlos Acevedo (PLRA), disse em entrevista a emissoras de rádio de Pedro Juan, que pode renunciar ao cargo nas próximas horas, caso não mantenha sua autoridade em assuntos da administração municipal. Ele acusou o irmão, senador Roberto Acevedo (PLRA) de pressioná-lo a rever uma decisão de tirar do mercado determinada marca de água mineral.

“Não sou marionete de ninguém”, afirmou o prefeito. A raiz da discórdia entre os irmãos José Carlos e Robert teria ocorrido, segundo o prefeito, em função de ordem que ele [José Carlos] deu à Secretaria Municipal de Saúde e Higiene Pública, para retirar do mercado determinada marca de água mineral, que segundo os órgãos de vigilância sanitária “não está apta ao consumo humano”.

De acordo com parecer do Inan (Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição), o produto em questão não reuniria condições de qualidade, necessárias e obrigatórias à saúde pública, razão pela qual deveria retirar do mercado. A partir da decisão, segundo José Carlos, seu irmão, o senador Robert Acevedo teria passado a pressionar o ‘mano’ prefeito a rever a decisão, contrariando as leis vigentes no país.

“Ninguém vai me dizer como levar adiante a administração”, desabafou. Acevedo disse que vai se reunir com sua equipe de governo para tomar uma decisão a respeito, que segundo ele, pode ser inclusive sua renúncia do cargo de prefeito. José Carlos está em seu segundo mandato, período no qual não tirou férias e nem tirou licença de descanso. O nome do proprietário da água mineral embargada não foi divulgado.

Apoio

A ameaça de renúncia caiu como ‘bomba’ na vizinha cidade. Minutos depois de dar a declaração no rádio, José Carlos Acevedo passou a receber apoio público da população, que foi à prefeitura manifestar solidariedade ao prefeito. Um grupo numeroso pediu para falar com José Carlos e pediu que ele não renuncie e que mantenha sua posição “em favor da saúde da população de Pedro Juan Caballero”.

Segundo os manifestantes, José Carlos Acevedo “foi o único intendente a mudar o visual da cidade, transformando 108 anos de atraso em uma grande metrópole do turismo de compra, contando atualmente com grandes empresas que oferecem emprego e competitividade de preços de mercado à população. A cada dia surgem novas construções e novos empresários que chegam apostando na credibilidade da atual administração”.

Na gestão de Acevedo, Pedro Juan Caballero teve 85% de suas ruas asfaltadas ou empedradas. Segundo a assessoria do prefeito, nos próximos dias será feito o empedramento de varias ruas dos bairros periféricos, completando assim 100% de asfalto ou empedramento das ruas da cidade. Manifestantes pedrojuaninos afirmaram que estão do lado de José Carlos.

Política

O imbróglio registrado em Pedro Juan Caballero pode mudar o panorama político na vizinha cidade. Uma renúncia de José Carlos dificultaria o projeto de reeleição de seu irmão, Robert Acevedo, ao senador, já que o prefeito é o principal ‘cabo eleitoral’ do irmão. A lei eleitoral paraguaia não prevê a figura do vice-prefeito e considera o vice imediato o presidente da Junta Consejal (Câmara Municipal).

Se José Carlos renunciar, quem assume a prefeitura é a consejala Zulma Icassatti de Acevedo, presidente da Junta, esposa do senador Robert Acevedo. Nem ela, nem o marido podem se candidatar a cargos no Executivo, pois a lei paraguaia veda a continuidade administrativa dentro de um mesmo núcleo familiar (parentesco em primeiro grau).

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