"Vi vândalo quebrando a minha loja pela TV", diz londrino
10 agosto 2011 - 12h42Por TerraDepois de três noites de caos e medo em vários pontos da capital inglesa, a terça-feira amanheceu diferente. Com tanta destruição e sujeira pelas ruas, era chegada a hora de limpar tudo. Os residentes organizaram uma conta no Twitter (@riotcleanup), uma página no Facebook (http://www.facebook.com/londoncleanup) e um site (riotcleanup.co.uk). Os números de seguidores foram crescendo e a história se espalhando. Tudo muito rapidamente, talvez mais rapidamente do que as ações horrÃveis que levaram a população a se unir pelo bem da cidade.
O que se viu na terça-feira manhã nas áreas afetadas foi o sentimento de comunidade que toma conta dos londrinos (e aqui se incluem todos os que moram na cidade, independentemente de sua nacionalidade) quando eles sentem a necessidade de se reerguer. Centenas foram às ruas participar. Todos com um sorriso no rosto e muitos com uma vassoura na mão.
Ele diz que nunca havia visto nada igual a isso acontecer em Londres. "Vi os ataques em Brixton em 1981, mas não existia o clima de terror que ocupou a cidade inteira nos últimos dias. Aquela foi uma confusão bem localizada e com um motivo bem definido (brigas de gangues). Aqui não foi nada disso, foi destruição e saque sem fundamento."
Na porta de casa
Por volta das 20h30 de segunda-feira, Yus Nordin, 33 anos, e Michael Russell, 61 anos, ouviram uma barulheira do lado de fora de casa, em Croydon. Olharam pela janela e viram dezenas de jovens usando capuz. Continuaram observando e os viram invadir uma loja de móveis a cerca de 50 m de onde moram e atearem fogo a um sofá. A loja era a Reeves Furniture, que estava no bairro desde 1867 e era comandada pela quinta geração da mesma famÃlia.
Russel diz que, depois de ver o que aconteceu em Tottenham (bairro no norte de Londres, onde foram registrados os primeiros distúrbios, na noite de sábado), sentiu muita pena dos moradores. "E no instante seguinte, eu vejo o mesmo acontecer na porta da minha casa. Pior: eu não podia fazer nada."
Ele presenciou os conflitos de 1981 em Brixton e acredita que o motivo para o conflito deste fim de semana foi outro. "Não entendo por que esses jovens fizeram isso. Eles parecem estar se aproveitando da confusão para saquear as lojas. Aqui na porta de casa havia cerca de 40 jovens, brancos e negros, todos encapuzados. Podem ser de qualquer lugar de Londres", avalia.