Dourados

Sem dinheiro, 'Hospital do Câncer' volta a deixar de atender pacientes

7 JAN 2015 • POR Fonte: douradosagora • 09h16
A direção do 'Hospital do Câncer' em Dourados voltou a anunciar que por falta de repasse de recursos deixará de atender os pacientes a partir desta semana. "Voltamos a chegar numa situação insustentável, com medicamentos chegando ao fim, contas para pagar", disse Davi Vieira, um dos médicos responsáveis por uma empresa terceirizada que presta o serviço de oncologia na unidade.

O atraso de repasse é antigo e a direção do Hospital do Câncer quer pôr um fim nesse problema. "Alguma coisa tem que ser feita. Só vamos atender àqueles com procedimento agendado", reiterou o médico.

O 'Hospital do Câncer', como popularmente é conhecido, foi construído com dinheiro da população através da Associação de Combate ao Câncer em anexo ao Hospital Evangélico, unidade privada e a única credenciada pelo Ministério da Saúde a oferecer tratamento de oncologia em Dourados.

De acordo com Davi Vieira, as despesas da prestação de serviços na oncologia gira em torno de R$ 350 a R$ 400 mil por mês. Esse dinheiro é custeado pelo governo federal, por meio de convênio com a prefeitura de Dourados que ao receber a verba encaminha ao Evangélico, que por sua vez repassa para a empresa terceirizada de oncologia. "Quando o dinheiro chega no Evangélico trava tudo", conclui Davi Vieira.

Assim também funciona em atendimentos nas áreas de nefrologia (rins) e cardiologia em Dourados, onde os hospitais públicos do município não oferecem esse serviço e a prefeitura acaba recorrendo ao Evangélico que terceiriza o serviço. Para oferecer atendimento nessas três áreas o Evangélico recebe cerca de R$ 1,4 milhão mensalmente.

No mês passado, quando enfermeiros do Evangélico fizeram operação tartaruga em razão do constante atraso de pagamento de salário, a direção do hospital alegou que esse problema ocorre porque o governo federal teria atrasado o repasse, dinheiro destinado para cardiologia, oncologia e nefrologia e não para pagar funcionários do Evangélico, que é uma unidade particular.

O secretário de saúde Sebastião Nogueira chegou a criticar a forma com que o hospital conduz a gestão, utilizando o recurso do governo para pagar funcionários. Ele chegou a citar a realização de um estudo técnico de forma a repassar esses serviços prestados pelo Evangélico a outro hospital, para evitar 'dores de cabeça'.