Pistoleiros usaram armas com balas de borracha em ataque a acampamento, mas não há informações sobre mortes

Pistoleiros usaram armas com balas de borracha em ataque a acampamento, mas não há informações sobre mortes

19 NOV 2011 • POR • 07h50
PF isolou a área para perícia, filho de liderança mostra ferimentos no corpo e depois é levado para hospital de Ponta Porã Foto: Léo Veras
Mercosulnews

O índio guarani-kaiowá Nício Gomes, de 59 anos, líder de um grupo índios desaldeados, está desaparecido desta a manhã de hoje, após ser seqüestrado por um grupo de homens armados que atacou um acampamento indígena próximo ao Posto Tagi, na MS-386, no município de Aral Moreira. As primeiras informações eram de que teria ocorrido uma chacina e que três índios haviam morrido, o que não foi confirmado pelas autoridades policiais.

No dia 1º de novembro um grupo de aproximadamente 60 indígenas saiu de Amambai e acampou próximo à fazenda Ouro Verde, na estrada que demanda a Aral Moreira, imediações do Posto Tagi, na MS-386. A área estaria protegida por interdito proibitório desde 2007, segundo informações da Funai e as terras estariam sendo arrendadas por um produtor rural conhecido por Luís Antônio.

Depois de estabelecer acampamento, os índios adentraram a propriedade e começaram a plantar. Esta manhã, por volta das 5h30min, quando faziam a ‘reza’ diária, surgiram cerca de 30 a 40 homens fortemente armados, em várias caminhonetes, que teriam descido gritando “vem aqui indiada”. Em seguida deram início ao tiroteio. A munição usada pelos desconhecidos era de borracha.

Em meio aos disparos, o líder dos índios, o kaiowá Nício Gomes, teria sido atingido por um disparo na cabeça e foi erguido em uma das caminhonetas, sendo levado pelos desconhecidos. Um dos filhos de Nício, o adolescente J.V.G., de 14 anos, recebeu disparos no rosto, mas conseguiu fugir em companhia de outros indígenas para o meio da mata. Os índios ficaram escondidos até a chegada da polícia.

Agentes da Polícia Civil, Polícia Federal e representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Funai (Fundação Nacional do Índio) foram à fazenda. A PF isolou a área e não permitiu a entrada da imprensa e nem da Funai até a conclusão da perícia. Os jornalistas ficaram às margens da rodovia, a 5 quilômetros do local do incidente.

O adolescente ferido foi encaminhado ao Hospital Regional de Ponta Porã com um ferimento no nariz e passou por exame de corpo delito. Até o momento não há informação de mortes. Segundo a Funai, que ouviu alguns índios no local, três índios encontram-se desaparecidos, entre eles o líder do grupo, Nício Gomes.