Se chuva continuar, nível de rio pode ficar 50% acima do normal

18 JAN 2016 • POR Correio do Estado • 16h00
Em 2011, o rio Paraguai alcançou o nível máximo de 5,62 metros na estação fluviométrica de Ladário (Foto: Correio do Estado)
O excesso de chuvas que atingem o Estado, desde o início do mês, pode resultar no aumento de 50% do nível do Rio Paraguai. A informação foi publicada na manhã desta segunda-feira (18) pelo centro de pesquisa da Embrapa GeoHidro-Pantanal, que ressalta ser uma hipótese e não um alerta, tendo em vista a imprevisibilidade das condições meteorológicas. Se não parar de chover, em Porto Murtinho, por exemplo, o volume pode chegar a 5,4 metros acima do normal.

Segundo o GeoHidro-Pantanal, ainda é cedo para a emissão de um alerta, mas as pesquisas analisaram informações das previsões meteorológicas emitidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e outras fontes de informações no Brasil e no exterior, para o trimestre de janeiro, fevereiro e março (JFM) de 2016.

Assim como Porto Murtinho, na Estação de Ladário a tendência é que o rio fique 4,6 metros acima do normal. Segundo previsões, a tendência é de que, na Bacia do alto Paraguai-Pantanal, as chuvas diminuam ou mesmo parem até o final dessa semana, recomeçando na semana seguinte.

Segundo as previsões do Inmet/Inpe, para uma grande área do Brasil, que inclui a Bacia do Alto Paraguai (BAP), a chance de ocorrer chuvas acima, abaixo ou na normalidade climatológica é a mesma. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) interpreta essa situação, como de "imprevisibilidade". A exceção fica para o sul do Mato Grosso do Sul (MS), onde é esperado chuvas acima da média.

O Inmet publicou um mapa que prevê para o trimestre de janeiro, fevereiro e março, chuvas acima do normal para toda a porção da bacia do alto Paraguai, no Pantanal do Estado.

RECORDE E ALERTA A RIBEIRINHOS

Nas primeiras duas semanas de janeiro ocorreram chuvas intensas e persistentes nas bacias dos rios Taquari, Negro, Taboco, Aquidauana e Miranda. O rio Aquidauana superou a marca dos 9 metros, desabrigando ribeirinhos e isolando comunidades. O recorde de nível para o rio Aquidauana foi de 10,07 metros em 2011.

Esses registros foram feitos na saída das águas do planalto e entrada para o Pantanal e a onda de ''cheia'' ou inundação está se deslocando das partes mais altas do Pantanal, para as porções mais baixas.

O Geohidro alerta as comunidades de ribeirinhos e aos pecuaristas da planície pantaneira para que tomem providências para protegerem as famílias, bens materiais e rebanho, não somente para o risco de inundação, mas também para o risco de isolamento em áreas no caminho para entrada e saída.

Nas áreas próximas à margem esquerda do rio Paraguai, no baixo curso dos rios Miranda e Abobral e no trecho da Estrada Parque entre o rio Paraguai, Curva do Leque e Buraco das Piranhas, também há risco de alagamentos e problemas com as pontes.

Felizmente, hoje (18), o rio Paraguai na estação de Ladário está com 2,20 metros, bem abaixo da cota de transbordo de 4 metros e não será um obstáculo à drenagem das águas.

Em 2011, o rio Paraguai alcançou o nível máximo de 5,62 metros na estação fluviométrica de Ladário, que coincidiu com a cheia dos rios Miranda e Aquidauana, assim como de chuvas na planície, provocando uma extensa área inundada.

MAIOR CHEIA EM 50 ANOS

O rápido aumento de nível do rio Taquari em Coxim, para 5,21 metros, foi divulgado ontem (17) e representa, segundo o Imasul, a terceira maior cheia dos últimos 50 anos. Na manhã de hoje (18), o nível foi de 4,86 metros. O aumento de nível e vazão irá aumentar o fluxo em arrombamentos e pode inundar as fazendas e pequenas propriedades de ribeirinhos, marginais ao rio e canais de arrombamentos da Nhecolândia e Paiaguás.

O rio Taquari somado as águas drenadas na planície pantaneira, por corixos e vazantes, podem ser a explicação do rápido aumento do nível do rio Paraguai nas estações fluviométricas de Ladário, Porto Esperança e Forte Coimbra. Não se pode descartar a influência das chuvas e das águas drenadas sobre as áreas da Bolívia ao longo do rio Paraguai. Para as estações de Porto Esperança e Forte Coimbra a influência do rio Miranda é importante.

As chuvas intensas no sul do Estado sobre a bacia do rio Apa e outros rios menores como rio Aquidabã, podem explicar ao menos em parte, a rápida subida do rio Paraguai em Porto Murtinho.

O longo do ano de 2015, instituições de Mato Grosso do Sul, desenvolveram com a participação da Embrapa
Pantanal, métodos para a emissão de estimativas quantitativas e automatizadas de previsão de nível, considerando todas as estações de nível disponíveis. Se os sistemas estiverem prontos para emitir alertas, esses devem ser emitidos ainda esse ano.