ECONOMIA

União Europeia e Japão assinam acordo de livre-comércio

Aliança é um pacto contra política protecionista de Trump e cria um dos maiores blocos comerciais do mundo

17 JUL 2018 • POR G1 • 15h10

União Europeia e Japão firmaram, nesta terça-feira (17), em Tóquio, um ambicioso acordo de livre-comércio que constitui "uma potente mensagem contra o protecionismo" do presidente americano, Donald Trump, e cria um dos maiores blocos comerciais do mundo.

"Hoje é um dia histórico, porque celebramos a assinatura de um acordo comercial extremamente ambicioso entre duas das principais economias do mundo", diz o comunicado divulgado após a assinatura. É "uma mensagem clara contra o protecionismo" de Trump, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

O Acordo de Associação Econômica é um pacto que vai liberar a maior parte de seus intercâmbios comerciais e com o qual as duas partes esperam impulsionar suas economias.

Assinaram o acordo o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker e Donald Tusk, respectivamente.

O acordo comercial que deve eliminar quase todas as tarifas aduanerias, que custam mais de US$ 1 bilhão por ano aos dois parceiros.

De acordo com a Comissão Europeia, o acordo é o maior pacto econômico já negociado pela UE e criará um dos maiores blocos comerciais do mundo, abrangendo 600 milhões de pessoas e cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

A expectativa é de que entre em vigor até o fim do mandato atual da Comissão Europeia, no segundo semestre de 2019.

Trata-se de um "ambicioso pacto comercial entre duas das maiores economias do mundo" que constitui "um passo histórico", destacaram os três líderes, em uma declaração conjunta após assinatura do documento.

Com o acordo, o Japão e a UE "enviam uma mensagem poderosa para promover o livre-comércio e baseado em regras, e contra o protecionismo", disseram, acreditando que o pacto ajudará no "crescimento econômico inclusivo" e "criação de emprego".

40% do comércio global
Uma vez entre em vigor, o Acordo de Associação Econômica criará a zona econômica mais aberta do mundo, já que o país asiático e o bloco comunitário aglutinam 40% do comércio global e 30% do Produto Mundial Bruto.

O acordo foi selado em um momento marcado pelas tensões comerciais entre Tóquio e União Europeia com os Estados Unidos, por causa das medidas protecionistas aplicadas pelo presidente americano Donald Trump.

O tratado vai liberar 91% das importações da UE para o Japão e até 99% quando for aplicada em sua totalidade. O volume total de comércio de bens e serviços entre o bloco europeu e o Japão é de 86 bilhões de euros (cerca de US$ 100 bilhões de dólares) e gera 600 mil empregos, segundo dados da Comissão Europeia.

O Japão é o segundo maior parceiro comercial dos Vinte e Oito na Ásia depois da China, enquanto o bloco comunitário é o terceiro parceiro global do país asiático por volume comercial após os Estados Unidos e Pequim.

A União Europeia, que é o maior mercado comum do mundo, com 28 países e 500 milhões de pessoas, tenta fechar mais alianças diante do protecionismo de Trump.

Os EUA impuseram tarifas de 25% sobre importações chinesas, no valor de US$ 34 bilhões, e Pequim respondeu na mesma moeda, impondo sobretaxas equivalentes sobre produtos americanos no mesmo valor.

"É dever comum da Europa e da China, mas também dos EUA e da Rússia, não destruir, mas melhorar [a ordem comercial global], e não iniciar guerras comerciais, que já se transformaram em conflitos acirrados tantas vezes na história", afirmou Tusk nesta segunda-feira.

Além disso, a UE e Japão assinaram nesta terça-feira um Acordo de Associação Estratégica, onde as duas partes esperam aprofundar sua cooperação em questões como a defesa dos direitos humanos, temas culturais e luta contra a mudança climática.

O que o acordo de livre-comércio prevê

Eliminação de 99% das tarifas sobre mercadorias japonesas importadas pela EU e inicialmente cerca de 94% para as importações europeias pelo Japão, até chegar a 99% nos próximos anos;

Impulsionar as exportações agrícolas da UE, pois a previsão é que as tarifas japonesas sobre queijos, vinhos e carne de porco sejam eliminadas;

As exportações de comida processada poderiam aumentar até 180%;

Abertura do mercado japonês para mais serviços baseados na UE e acesso da UE a projetos públicos de infraestrutura no Japão, como estradas;

Aumento das exportações do setor químico da UE para o Japão em 22%;

Indústrias japonesas de computadores, eletrônicos e automóveis devem se beneficiar. Tarifas europeias sobre carros japoneses, que atualmente são de 10%, devem ser gradualmente reduzidas até serem eliminadas.