Defesa de médica contesta causa de morte de jovem em Bonito

Defesa de médica contesta causa de morte de jovem em Bonito

5 JUN 2012 • POR • 15h00
G1 MS

A defesa da médica infectologista Caroline Franciscato de Godoy, de 31 anos, vai contestar o laudo pericial que indica que a jovem Letícia Gottardi, de 19 anos, teria morrido por causa de um choque anafilático. A médica é suspeita de ter prescrito dipirona duas vezes à paciente que era alérgica ao medicamento. O caso aconteceu em abril de 2012, no hospital Darci João Bigaton, em Bonito, a 300 km de Campo Grande.

Em entrevista ao G1, o advogado Leopoldo Fernandes da Silva Lopes sustentou que há indícios de que a jovem tenha morrido em decorrência de um choque séptico, por conta da inflamação do apêndice, e não por um choque anafilático. “Vou solicitar ao Conselho Regional de Medicina que o laudo seja analisado novamente. Existem elementos que indicam que a morte não foi em decorrência do dipirona. Houve um equívoco da perícia”, afirmou o advogado.

A médica foi indiciada pelo crime de homicídio doloso. O delegado responsável pelo inquérito, Roberto Gurgel, disse ao G1 que, no dia 6 de abril, a vítima foi ao hospital reclamando de dores abdominais e foi atendida por outro médico no local. Ela informou que tinha alergia ao medicamento, e a observação foi anotada pelo profissional no prontuário da paciente. Ela recebeu alta no mesmo dia e foi para casa, mas voltou a passar mal na madrugada do dia 7 de abril.

De volta ao hospital, Letícia foi atendida pela suspeita, que, teve acesso ao prontuário feito no plantão anterior e, mesmo assim, determinou à equipe de enfermagem a aplicação de dipirona, segundo o delegado. Horas depois, segundo ele, a médica voltou ao quarto da paciente e receitou, pela segunda vez, o medicamento à base da substância.

Ainda segundo o delegado, a jovem morreu por volta das na manhã do dia 7 de abril. Ele afirma que o laudo pericial apontou a presença de dipirona no sangue da vítima e diz que a reação aguda ao medicamento foi a a causa da morte.

O advogado contestou as afirmações da Polícia Civil e afirmou que a médica não teria visto a anotação de que a paciente era alérgica à dipirona, já que ela foi escrita no verso do prontuário e não no local adequado. “A informação de que a paciente era alérgica à substância foi anotada no verso da folha, em um local inadequado. Não é que a doutora tenha ignorado, ela simplesmente não viu”, enfatizou o advogado.

Parentes da vítima disseram ao G1 que a médica sabia que a jovem era alérgica à dipirona e mesmo assim aplicou o medicamento. Acreditando que se tratava de erro médico, registraram um boletim de ocorrência para que o caso fosse investigado.

O hospital Darci João Bigaton informou que, após o incidente, o contrato de trabalho da médica foi quebrado. A instituição não quis se manifestar sobre a possibilidade de erro médico e tampouco afirmou se a profissional violou algum procedimento do local.