Trabalhadores de usina reclamam por horas não pagas
3 SET 2011 • POR Caarapó News • 17h07Cerca de 400 indígenas e mais 20 camponeses do assentamento Guanabara, do município de Juti, cortadores de cana da Novamérica, responsável pela parte agrícola fornecida à usina do Grupo Raízen em Caarapó, se reuniram em assembléia na manhã do dia 30 em Caarapó, para discutir as condições de trabalho na usina.Uma das reivindicações principais dos trabalhadores é o pagamento das horas in itinere - percurso que o trabalhador percorre até o local de trabalho, que pela lei tem que ser pago - não pagas corretamente, segundo Vanilton Camacho, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MS), que participou da assembléia.
Os trabalhadores afirmam que a dívida da empresa em alguns casos chegaria a dez mil reais por ano, por pessoa; porém os valores variam, dependendo dos quilômetros e das horas investidas pelos empregados à disposição da empresa. No caso dos trabalhadores indígenas foi dito que, entre ida e volta, são 375 quilômetros por dia, via ônibus, para se deslocarem da casa ao trabalho e vice-versa.
Procuradapela reportagem, a empresa Novamérica disse que a informação repassada à CPT pelos trabalhadores, sobre o pagamento das horas in itinere não procede, já que a empresa possui um acordo coletivo de trabalho firmado com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caarapó.
“Tudo o que está acordado com os responsáveis pelos trabalhadores está sendo cumprido. De tal maneira, a empresa entende que, obviamente, o pagamento destas horas não é devido em face ao disposto coletivo de trabalho”, afirmou a empresa por meio de sua assessoria.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caarapó, Valdecy Correa da Motta, explicou à reportagem que a empresa continua seguindo acordo coletivo feito no ano passado, cujo vencimento foi no dia 1º de maio deste ano.
Segundo ele, os trabalhadores haviam feito acordo com a Novamérica para trocar o pagamento das horas in itinere por outros benefícios, como auxílio funeral e alimentação, mas buscam agora uma nova negociação que pague as horas do percurso até o trabalho. Motta disse que muitos trabalhadores vêm de Amambaí para fazer o corte da cana em Caarapó.
Na assembleia, os trabalhadores, além de fazerem suas reivindicações, participaram de uma votação aberta, cujos documentos serão encaminhados visando uma nova negociação. O presidente do sindicato cogita que o Ministério Público do Trabalho deve intermediar essas negociações entre a empresa e os trabalhadores rurais.
Além dos trabalhadores da usina, participaram da assembléia os presidentes dos sindicatos de trabalhadores de Caarapó e Amambaí e o presidente da Fetagri. Representantes do Ministério Público do Trabalho acompanharam as discussões.