Entenda como funciona o sistema de franquias no Brasil

27 AGO 2012 • POR Fonte: Black Card • 00h00
Um levantamento recente realizado pela Associação Brasileira de Franchising revelou uma lista com as dez companhias que requerem os mais altos investimentos para interessados se tornarem franqueados. Este setor é um dos que mais cresce no país, com evolução de 20,4% no ano de 2011 e projeção de mais de 15% para o ano de 2012.

Para entender os valores (que especificaremos abaixo) cobrados por estas empresas, conversamos com Cristina Franco, vice-presidente da ABF, que explicou melhor como funciona o processo de obtenção de uma franquia, a justificativa dos valores cobrados e dúvidas comuns de quem tem interesse em abrir este tipo de negócio.

Black Card: O que é uma franquia?

Cristina Franco: Para entendermos bem: o franchising é uma operação onde você assina o contrato por tempo determinado, passível de renovação, para utilizar a marca e o padrão operacional daquele negócio (empresa). Neste modelo de negócio existem direitos e deveres contemplados no contrato. Um exemplo destes deveres é que todas as franquias devem pagar royalties para a empresa cedente (seja uma quantia mensal, ou uma porcentagem em cima do produto vendido ou lucro) e fazer investimento no Fundo Nacional de Marketing.

Black Card: O que determina o valor de uma franquia?

Cristina Franco: O valor de uma franquia é determinado pelo posicionamento de uma empresa dentro do mercado que ela atua. A composição do valor começa pela marca, depois a lucratividade (o lucro que o empresário terá mensalmente) e o retorno do investimento (quanto tempo terá o valor investido de volta). O custo de implantação da companhia também é levado em conta: se, por exemplo, tem que construir o ponto, se precisa de reforma para se adequar aos padrões da empresa e a compra de equipamentos.

Black Card: Quais são os riscos de uma franquia?

Cristina Franco: Como toda operação financeira, a franquia também tem seu risco e é uma operação que depende de quem está à frente do negócio. A lucratividade acontece no ponto de vendas. Não adianta ter uma marca e venda no mercado se o investidor não tem capacidade de gestão administrativa.

Black Card: Quem pode ser franqueado?

Cristina Franco: É recomendado que se valide o perfil do operador (franqueado) mediante a proposta daquele tipo de negócio. Se ele é ruim em relacionamento, não consegue manter a franquia. Então, quem pleitear ser um franqueado das diferentes marcas do Brasil passa por um processo seletivo. Ela avalia o perfil da pessoa para o tipo de negócio que abrirá. É importante observar que são contratos de longa duração: três, cinco ou 10 anos. Por isso, é importante saber quem administrará aquele negócio.

Black Card: Existe algum tipo de mediação na assinatura dos contratos entre franqueado e empresa?

Cristina Franco: Existe um intermédio com consultores e advogados especializados. Além disso, existe uma lei, de 1994, que regulamenta este segmento. Por isso, os direitos e deveres são muito claros, além de ser um setor com muito êxito.

Black Card: Caso o franqueado queira cancelar o contrato, como ele pode proceder?

Cristina Franco: Ele pode não renovar o contrato com a matriz ao fim deste, mas pode também optar por pagar uma multa estipulada nos termos do documento. Além de poder vender aquele ponto, afinal, é um patrimônio e pode gerar lucro com aquilo. Mas há também a possibilidade de a empresa não querer renovar o contrato com o franqueado, ou porque não tem mais o interesse naquele ponto, ou porque não tem tido retorno satisfatório.

As marcas mais caras do país:

1º: Accor Hospitality, opera em hotelaria e turismo. Investimento inicial entre 5,5 milhões a 13 milhões

2º: Pelé Club, empresa de beleza, saúde e produtos naturais. Investimento entre 1,9 milhão a 3,1 milhões

3º: McDonald's, alimentação. Investimento inicial entre 1,2 milhão a 2,5 milhões

4º: Capital Steak House, setor de alimentação. Investimento entre 1,2 milhão e 2,3 milhões

5º: KFC, setor de alimentação. Investimentos entre 975 mil e 1,8 milhão