terça, 23 de abril de 2024
CINEMA

Com “Bacurau”, Kléber Mendonça Filho não quer fazer filme de arte

11 setembro 2019 - 13h00Por IG Gente

Kléber Mendonça Filho está tendo um mês agitado. Na verdade, o diretor tem tido anos agitados. Depois do barulho de “Aquarius”, que ganhou estreia com protestos em Cannes e polêmica ao não ser selecionado para representar o Brasil no Oscar, ele mergulhou de cabeça em sua produção seguinte, “Bacurau”. 

O novo filme traz diversas mudanças: a primeira é a co-direção com Juliano Dornelles , amigo e colaborador de longa data de Kléber. A segunda é que “ Bacurau ” sai do Recife, cenário costumeiro dos filmes do diretor, e vai para o sertão do Cariri, no Ceará. De semelhanças, traz a característica do inconformismo e imprevisibilidade. “Eu acho que é de extrema importância, pra mim como espectador, sentir que estou em outro território, que eu seja surpreendido pelo filme”, diz Kléber. E é exatamente isso que ele busca em sua filmografia, incluindo “Bacurau”.

A proposta do longa é incomodar. Kléber e Juliano brincam com a ideia de familiaridade e desconforto em todos os aspectos. Ao sair da fórmula clássica de fazer cinema, eles tentam surpreender o espectador, ao mesmo tempo em que criam situações - e até mesmo imagens que trazem conforto e familiaridade. 


“O mercado está tentando fechar uma fórmula matemática para o sucesso e ao fazer isso todos os tique, trejeitos se tornam muito previsíveis – da história ao som”, comenta Kléber. Mas, se sair da “fórmula” gera reações inesperadas para o público, também deixa o filme com ares de “cinema de arte”. Embora não deteste a alcunha, Kléber também não vê seus filmes como filmes de arte. “É só uma maneira boba de definir alguma coisa e muito simplista. ‘Aquarius’ é muito popular, mas ficou nessa caixinha”, explica. 

Para ele, um filme considerado artístico e com valor artístico também pode ser popular, como “Tubarão”, sucesso de bilheteria em 1975 ou “A Doce Vida”, de 1960. 

Ele acredita que, depois da retomada do cinema nacional pós-Ditadura, nos anos 1990, essa divisão entre filme popular e filme de autor ficou ainda maior: “o cinema autoral é aquele que ninguém vai ver e é muito bom, e o que todo mundo vai ver é muito ruim”, diz, citando “Central do Brasil” como um dos poucos que quebra essa regra. Kléber acredita que é possível desfazer esses estereótipos, e “Bacurau” tenta fazer isso. 

 

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