quinta, 18 de abril de 2024

Família aguarda carro para enterrar mulher que morreu na segunda

31 agosto 2011 - 15h40
Greve de funcionários do serviço funerário de SP atrasa enterros.
Categoria quer 40% de aumento; assembleia será feita na quinta.

G1

Enterrar parentes está mais doloroso em São Paulo desde esta terça-feira (30). Com a greve do serviço funerário municipal, os trâmites para a liberação de corpos na cidade têm se arrastado por dezenas de horas, ampliando o sofrimento de quem acabou de perder alguém próximo. No Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), na Zona Oeste da cidade, uma família ainda aguardava na manhã desta quarta-feira (31) o transporte do corpo de uma mulher que morreu na segunda-feira (29).

A mãe da estudante Karina Amorim Silva, de 18 anos, morreu após sofrer um infarto em casa por volta das 15h de segunda. Por volta das 9h desta quarta, 42 horas depois da morte, ela ainda não sabia que horas poderia enterrar a mãe. Ao lado de um tio e de uma prima, aguardava no SVO a chegada de um carro funerário que pudesse levar o corpo – liberado após autópsia desde a manhã de terça – para um cemitério na Zona Norte.

“Chegaram quatro carros funerários hoje, mas eram da Zona Sul. Deram um número do serviço na Zona Norte, mas ninguém atende. O enterro era para ter sido às 9h de hoje, mas o corpo nem saiu daqui ainda”, contou a jovem.

A família teve problemas antes mesmo de a greve começar. Segundo Paulo Sérgio, tio de Karina, o resgate demorou cerca de uma hora para chegar à casa de sua cunhada, e ela já chegou morta ao hospital, por volta de 16h de segunda. O corpo só foi liberado e chegou ao SVO por volta de 4h de terça. Lá, funcionários disseram que os trâmites seriam finalizados até meio-dia. “Mas aí entrou em greve. Ficamos até 18h e nada. Falaram para voltar hoje, mas não tem carro. Aqui o serviço deles diz que já fez tudo, que está liberado. Já até lacraram o caixão”, contou.

Outras famílias chegaram a passar a noite no SVO esperando transporte para o corpo de seus parentes, em vão. A mãe da aposentada Rosângela Borges, de 53 anos, morreu de causas naturais aos 92 anos em casa, às 9h30 de terça. A família fez o boletim de ocorrência e o corpo só foi chegar ao SVO por volta de 21h. “Liberaram o corpo 1h da madrugada, mas o caixão não chegou, nem o carro”, disse a aposentada nesta manhã. “Falaram que tem que esperar, que eles estão em greve. Passamos a madrugada aqui. Temos que levar o corpo para a família se despedir.”

O motorista Alan Carlos, de 34 anos, também passou a madrugada no SVO, acompanhando parentes de uma vizinha que morreu nesta terça no Hospital Paranaguá em decorrência de problemas respiratórios. “O corpo só foi chegar aqui 3h de hoje, alegaram que não tinha carro para trazer. Agora não tem carro para levar para o cemitério. Os parentes estão todos na Vila Alpina esperando”, contou. “Nós tentamos contratar até uma empresa particular para fazer o transporte, mas não deixaram.”

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