Uma vacina contra o vÃcio em cocaÃna deve estar pronta para ser usada em hospitais em até três anos, disse em entrevista ao G1 um dos principais pesquisadores do projeto para desenvolver o produto nos Estados Unidos, o professor de psiquiatria da Universidade Baylor de Medicina, Thomas Kosten. O tratamento tem função terapêutica e não "previne" o vÃcio, mas fortalece o sistema imunológico do dependente e ajuda a combater o uso da droga, segundo o médico. "Ela [a vacina] ajuda a produzir anticorpos especÃficos contra a cocaÃna", ressalta. O princÃpio da vacina é o de vincular uma quantidade bem pequena da droga a uma proteÃna inofensiva. A substância resultante da combinação, ao ser injetada no organismo do viciado, faz com que seu sistema imunológico produza anticorpos contra a cocaÃna e a proteÃna, ressalta Kosten. "Estes anticorpos 'seguram' a cocaÃna no sangue e evitam que ela chegue ao cérebro, prevenindo efeitos da droga, como euforia", afirmou o médico. Os testes, até agora, indicaram que 40% dos vacinados tiveram redução no uso da cocaÃna. Após receber as aprovações necessárias do governo dos EUA, a vacina deve estar disponÃvel também em farmácias, diz Kosten. Contra o crack A vacina também vai servir contra o vÃcio em crack. O tratamento exige cinco rodadas de injeções ao longo de 12 semanas, para que sejam produzidos anticorpos em nÃvel adequado. Após isso, é necessária uma nova aplicação a cada três meses, para fortalecer o sistema imunológico do dependente. "Não há, até agora, efeitos colaterais ou riscos significativos observados", diz Kosten. Ele ressalta que a vacina pode, em teoria, ser usada por mulheres grávidas, "mas não há planos de testar neste segmento da população". RecaÃdas A injeção pode servir para evitar recaÃdas em viciados sob tratamento, entre outras funções, afirma o médico. "Um novo estudo nacional para medir a eficácia da vacina acabou de ser finalizado, e os resultados devem ser liberados na primavera de 2013 [entre março e abril, segundo as estações do ano nos EUA]." A vacina é um "bloqueador", então seu uso deve evitar overdoses de cocaÃna, ressalta Kosten. Além das injeções, ele aponta que é importante que os viciados passem por terapia com psicólogos e tratamentos auxiliares, para se recuperar totalmente. "É preciso pelo menos mais um teste clÃnico antes que o tratamento possa ser analisado pela FDA [agência de controle de medicamentos dos EUA], para distribuição no paÃs", pondera o médico. Outras injeções Kosten diz estar pesquisando injeções para tratar outros tipos de vÃcio em drogas. Entre as substâncias cujo vÃcio pode ser combatido estão a morfina e a metanfetamina. "As vacinas estão sendo testadas em animais. No caso da metanfetamina, talvez em dois anos nós consigamos testar em humanos", diz o médico. Os primeiros testes de vacinas contra drogas realizados em humanos ocorreram em 1996, e o primeiro estudo clÃnico do tratamento contra cocaÃna foi em 2009, de acordo com Kosten.