sexta, 29 de março de 2024

Indígenas do MS buscam reconhecimento por meio da Educação Superior

Indígenas do MS buscam reconhecimento por meio da Educação Superior

24 dezembro 2012 - 00h00Por Fonte: Assessoria
Em Mato Grosso do Sul, que tem a segunda maior população de indígenas do Brasil, divididos em sete etnias - Guarani, Terena, Kadiwéu, Guató, Ofayé, Kinikinau e Atikum. Os Kinikinau foram considerados extintos no século passado e têm utilizado a educação para voltarem a ser reconhecidos. Na última quarta-feira (19), o biólogo Rosaldo de Albuquerque defendeu dissertação de mestrado na Universidade de Brasília (UNB) e foi o primeiro indígena da etnia Kinikinau a receber o título de mestre. Ele fez parte da primeira turma do Mestrado Profissional em Desenvolvimento sustentável junto a Povos e Terras Indígenas - CDS/UnB, que teve início em Abril de 2011.

A dissertação do biólogo e bolsista do CNPq tem o título “Sustentabilidade e processos de reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato Grosso do Sul” e o objetivo principal de divulgar a existência do povo indígena Kinikinau na Aldeia São João por meio da indicação dos meios de sustentabilidade deste povo, principalmente a comercialização do mel extraído pelos homens, e o comércio da cerâmica produzida pelas mulheres. O orientador do trabalho foi o professor Dr. Othon Henry Leonardos (UnB/CDS) e o co-orientador o professor Dr. Giovani José da Silva (UFMS).

De acordo com um artigo científico escrito por Rosaldo, os Kinikinau sofrem expulsões de suas terras originais desde o final da Guerra do Paraguai (1864-1870), quando lutaram ao lado do exército brasileiro e na volta encontraram aldeias destruídas ou ocupadas por não-índios. Durante anos eles foram considerados extintos e eram obrigados a se registrarem como Terena pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e depois pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em 1997, a Prefeitura de Porto Murtinho iniciou um trabalho de Educação Escolar na Reserva Indígena Kadiwéu com a perspectiva da implantação de escolas que atendessem às necessidades de cada aldeia. Na aldeia São João, entre 1997 e 1999 foram realizadas reuniões e debates sobre o tipo de educação que os índios da aldeia desejavam. Verificou-se que a maioria rejeitava um tratamento igual àquele oferecido aos Kadiwéu. Uma escola que atendesse a índios Terena também foi rejeitada pelo grupo. A partir desse episódio, os Kinikinau, ainda que timidamente, recomeçaram a expressar uma identidade étnica distinta. Em 1998, 58 indígenas da Reserva se declararam Kinikinau.

Rosaldo também é aluno do projeto “Equidade na Pós-graduação: o acesso de populações sub-representadas” ofertado pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) em Campo Grande e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) em Dourados, com financiamento da Fundação Ford e da Fundação Carlos Chagas. O curso teve início em novembro de 2012 e tem como finalidade preparar negros e indígenas para concorrerem a programas de pós-graduação stricto sensu.

Kinikinau no curso de Direito

Durante o VI Congresso e Encontro Científico Transdisciplinar Direito e Cidadania na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que aconteceu em novembro de 2012 em Dourados/MS, Guilherme Lencine, acadêmico de Direito da UCDB, apresentou o trabalho “Povo Kinikinau: o despertar pela conquista da identidade cultural”. O artigo foi escrito em parceria com Renata do Carmo Sales, acadêmica de Direito na UEMS em Dourados. O texto resgata a história do povo Kinikinau com o objetivo de divulgar a discriminação sofrida por eles e fomentar a luta pela autonomia cultural, territorial e Linguística.

Guilherme e Renata são primos, indígenas etnia Kinikinau e participantes do projeto Rede de Saberes, uma parceria entre a UCDB, a UEMS, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS - Aquidauana), que com recursos da Fundação Ford, apoia a permanência de indígenas no ensino superior.

Deixe seu Comentário

Leia Também

PERSEGUIÇÃO

Ladrão foge da PRF do Paraná, mas é preso em Mato Grosso do Sul

ESPORTES

Comitê Paralímpico revela valor de prêmios de medalhistas em Paris

ECONOMIA

Empresa sucroenergética projeta novos investimentos em MS

SAÚDE

Casos de síndrome respirartória aguda grave sobem no país, diz Fiocruz