sábado, 20 de abril de 2024
OPERAÇÃO PF

PF desarticula organização criminosa dedicada à prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro

Operação Romeu Sierra India investiga o funcionamento de empresa de investimentos sediada na cidade de Dourados/MS, que funcionava sem a autorização da CVM

01 setembro 2021 - 09h30Por PF

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (1/9) a Operação Romeu Sierra India, com vistas a desarticular uma organização criminosa voltada à captação ilícita de recursos de investidores e lavagem de dinheiro.

Aproximadamente 80 policiais federais cumprem 2 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária, 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Dourados/MS, Campo Grande/MS, Ponta Porã/MS, Naviraí/MS, Porto Murtinho/MS, Amambai/MS, Franca/SP e Maringá/PR, além do sequestro e bloqueio de mais de R$ 40 milhões em bens móveis e imóveis da organização criminosa, bem como valores depositados em contas bancárias dos investigados, totalizando 44 ordens judiciais. Os mandados foram expedidos pela 5ª Vara Federal da Cidade de Campo Grande/MS, especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro.

As investigações tiveram início em 2020, após a Polícia Federal receber uma comunicação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM de que na cidade de Dourados/MS funcionava uma empresa dedicada à captação de recursos de terceiros, para fins de investimentos no mercado de capitais, sem autorização da CVM. Ao longo das investigações, logrou-se êxito em descortinar o funcionamento de organização criminosa especializada na captação de recursos de clientes sob a promessa de ganhos vultosos com aplicações no mercado financeiro de valores mobiliários.

A empresa investigada contava com um sofisticado e convincente sítio de internet. Seu manual de investimentos explicava aos clientes a forma como trabalhava e os principais tipos de produtos oferecidos. Todos com uma rentabilidade muito acima do mercado. A área do cliente, acessado por meio de login e senha individual, contava com gráficos e planilhas explicativas, nas quais eram discriminados os valores investidos e os ganhos auferidos com as supostas aplicações em bolsa feitos pela empresa em nome dos clientes, como se de fato fosse uma corretora de valores. A empresa possuía faixas de investimentos, cujo rateio dos ganhos era feito da seguinte forma: investimentos de R$ 1 mil até R$ 50 mil, 50% dos ganhos eram do cliente e os outros 50% da empresa; Investimentos acima de R$ 50 mil, 70% dos ganhos eram do cliente e o restante da empresa. Há casos em que investidores aplicaram na empresa mais de R$ 200 mil.

O principal investigado, como forma de convencer potenciais investidores, apresentava-se aos clientes da empresa como um dos maiores day trader do país, o que as investigações provaram não ser verdade. Segundo levantamentos realizados, a maioria dos valores investidos no mercado de capitais resultou em grandes prejuízos para os investidores.

Com o aprofundamento das investigações, descobriu-se pelas contas bancárias da empresa investigada que, em 2 anos, circularam mais de R$ 60 milhões. Parte dos quais, segundo os próprios investigados, foi remetida para Londres, no Reino Unido, após decisão da CVM de barrar as atividades da empresa, já que essa não possuía autorização do órgão regulador, para operar no mercado de capitais. Pelo descumprimento reiterado da stop order da CVM, os sócios formais da empresa foram multados em R$ 600 mil. 

A organização criminosa era composta por três grandes núcleos: um integrado pelos sócios da empresa e pelos responsáveis pela aplicação dos valores no mercado de capitais, os quais se locupletaram da maior parte dos valores investidos pelos clientes; outro pelos corretores, responsáveis pela captação dos recursos dos investidores, para aplicação no mercado de valores mobiliários; e outro pelas ações de logística, já que a empresa, a fim de enganar os clientes, montou uma convincente estrutura que contava com página na internet, programas de gerenciamento de investimentos e um sofisticado manual do investidor. No auge do funcionamento, a empresa chegou a contar com mais de 2 mil clientes em todo o país.

A empresa investigada é alvo de dezenas de ações cíveis em todo o estado, nas quais os investidores lesados cobram na Justiça a devolução dos valores aplicados e indenizações por danos morais e materiais. O líder da ORCRIM também é investigado em outros estados da federação pela prática de crimes semelhantes. Uma parte considerável dos investidores lesados é composta por policiais de diversas instituições de segurança pública do estado.

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