O caso veio à tona no último dia 19 de julho depois de publicada no Diário Oficial a nomeação da Comissão Processante responsável pela instauração do Processo Administrativo Disciplinar contra o servidor.
Em uma Certidão de Escritura Pública de Declaração registrada no Cartório de Registros Públicos de Batayporã (Livro de Escrituras n. 63, às fls. 155-155v), Reginaldo Fernandes Cavalcante afirma que aproximadamente há dois anos, enquanto exercia o cargo de Gestor dentro da área de contabilidade e finanças da Secretaria Municipal de Saúde, recebia solicitações do secretário de Administração Umberto Canesque Filho para que colhesse as assinaturas do então secretário de Saúde, Norberto Fabri Júnior e do prefeito Gilberto Garcia em cheques que supostamente serviriam para cobrir despesas da pasta, mas que eram depositados na conta do servidor.
O esquema, segundo Cavalcante, acontecia "com inteiro conhecimento e determinação dos mesmos, sendo que posteriormente partes eram sacadas em valores menores para não levantar suspeitas e esses valores eram devolvidos a eles. Os valores correspondentes a esses depósitos eram processados dentro da contabilidade como folha de pagamento, não tendo valor fixo, sendo mensalmente valores variáveis", explica o servidor.
Reginaldo Cavalcante diz ainda não saber afirmar com precisão se o prefeito Gilberto Garcia tinha conhecimento da prática, "porque eles [os secretários] colhiam as assinaturas e devolviam para mim para que efetuasse os procedimentos", explica.
No final de junho o funcionário público relata que o secretario Tito o chamou em sua sala e disse que estava promovendo Cavalcante para o cargo de gerente, com melhor remuneração para "dar continuidade ao que estava sendo feito". "Eu disse a ele que eu não tinha interesse em continuar com aqueles procedimentos porque estava se tornando perigoso, mas mesmo assim fui promovido", relembra.
A Comissão Processante responsável pelo Processo Administrativo foi nomeada logo depois do prefeito Gilberto Garcia receber um comunicado do Banco do Brasil de Nova Andradina - agência onde os cheques eram depositados - informando que "algo suspeito estava acontecendo nas contas da saúde", relata Cavalcante.