O ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD), é acusado de assédio sexual. As investigações correm em sigilo na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), conforme a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
Na semana passada, três mulheres haviam relatado o fato, porém, esse número aumentou para nove com outras vítimas procurando a polícia.
O pré-candidato nega as acusações e fala sobre uma possível armação.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, confirmou as investigações e que os processos tramitam em sigilo. Um deles, segundo o secretário, já foi concluído e encaminhado à Justiça.
“Surgiram denúncias graves de três vítimas. Elas foram ouvidas, instaurado inquérito policial e segue em sigilo por conta dos fatos noticiados. [As mulheres] pediram proteção e a partir das oitivas surgiram outras que estão sendo conduzidas pela Delegacia de Atendimento à Mulher. Tramitaram outros procedimentos que já foram concluídos e remetidos ao poder judiciário, não na Deam, mas na Delegacia da Criança e do Adolescente, já que aquela denunciante disse ter sido vítima quando era menor de idade”, relatou.
Baralho no gabinete
As primeiras denúncias chegaram até a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul através de mulheres que afirmaram terem sofrido assédio sexual por parte do então prefeito Marquinhos Trad (PSD).
Nos depoimentos delas, segundo noticiado pelo portal Metrópoles, relataram passar por dificuldades financeiras e foram atraídas ao gabinete do chefe do Executivo com a promessa de saírem de lá empregadas.
Porém, no local eram cortejadas pelo prefeito, “que fazia truques de mágica com baralho e, depois, manifestava o desejo por sexo”, relata trecho do material divulgado pelo portal.
Duas das denunciantes afirmam ter mantido relações sexuais consentidas dentro do gabinete do prefeito durante algum tempo. A outra, alegou ter sido levada por Trad ao banheiro do gabinete e se recusou.
Uma quarta mulher também prestou depoimento confirmando o relato de duas testemunhas, mesmo sem estar com o ex-prefeito pessoalmente.
Após os relatos iniciais, outras cinco mulheres procuraram a delegacia relatando serem vítimas do assédio por parte de Marquinhos Trad.
O outro lado
O Dourados News procurou o ex-prefeito de Campo Grande para se posicionar sobre o fato. Através de material encaminhado pela assessoria de imprensa, ele nega as acusações de assedio e fala em armação.
“Em relação às notícias veiculadas na imprensa que envolvem o nome do pré-candidato ao Governo do Estado Marquinhos Trad, faz-se necessário esclarecer que a investigação em andamento demonstra a inexistência da prática de crimes sexuais de natureza violenta. Até o presente momento, quatro mulheres foram ouvidas, sendo que apenas duas delas, de fato, são conhecidas de Marquinhos Trad. Uma, inclusive, ressalta que não conhece o ex-prefeito e sequer teve contato com ele”, relata trecho do material.
Ainda conforme a nota encaminhada, “nenhuma delas [que realizaram denúncias] estava subordinada a ele, por meio de cargo, emprego ou função pública – o que, por si só, descaracteriza o crime de assédio sexual e eventual prática de improbidade administrativa”.
A assessoria segue e relata que o ex-prefeito teria recebido ameaças do titular da Sejusp após gravar vídeo falando sobre confronto ocorrido em Amambai recentemente e que resultou na morte de um indígena.
Também pontua que o pré-candidato tem relatos de uma mulher afirmando receber proposta de R$ 150 mil para gravar um vídeo contra Marquinhos Trad.
“Importante pontuar que Marquinhos recebeu ameaças, via Whatsapp, do Secretário de Segurança do Governo do Estado, após lamentar ação que resultou em morte de um indígena. Poucos dias depois, os boletins de ocorrência foram registrados. Além disso, uma mulher relata que recebeu proposta de R$ 150 mil, da equipe ligada ao atual governo, para gravar um vídeo contra Marquinhos. Todo este conteúdo será anexado ao inquérito. Embora se trate de procedimento administrativo sigiloso, o pré-candidato já produzirá, neste momento, todos os elementos de informação e provas aptos a comprovar a sua inocência e a lisura de seu comportamento perante a gestão da Prefeitura Municipal de Campo Grande”, finaliza.