O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentado há três semanas e alvo de muita polêmica, foi rejeitado pelos parlamentares da CPI do Cachoeira nesta terça-feira (18). A oposição, com 18 votos contra, venceu a bancada governista, que conseguiu 16 votos a favor do relatório.
Pitiman chegou a sugerir que sejam escolhidos pela CPI dois senadores e três deputados para que acompanhar durante os anos de 2013 e 2014 o andamento das apurações dos pedidos de investigação e que possam trazer o resultado final das apurações para o Congresso. Mas, por acordo, os parlamentares retiraram esse trecho do texto do relatório do peemedebista.
Já o documento de Cunha, relator oficial da comissão durante os vários meses de funcionamento, concluÃa pela acusação de 41 pessoas: para 29, foi recomendado o indiciamento, e para 12, por terem foro privilegiado, foi solicitada a responsabilização. Todas, na visão do relator, têm ou tiveram relação com o esquema ilegal do bicheiro Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo autoridades e agentes públicos.
Antes da votação do relatório final, Cunha apresentou as alterações que fez após receber as sugestões dos demais integrantes da comissão, mas mesmo assim foi vencido pelos integrantes da comissão.
"Nunca vi tantas idas e vindas num relatório. Não podemos aqui votar em um relatório onde não mostra firmeza nas suas palavras. Não será nem a primeira nem a última CPI que ficaria sem relatório", afirmou o deputado Silvio Costa (PTB-PE), que votou contra.
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que defendeu a rejeição, a CPI termina onde deveria começar. Ele criticou o fato de a comissão não ter investigado a movimentação financeira de diversas empresas suspeitas. "A blindagem se estabeleceu, para proteger o governo federal", afirmou.
O prazo final para a conclusão da CPI está marcado para o dia 22 próximo, quando se encerra o ano legislativo. Os trabalhos da comissão começaram em abril deste ano.
Diante da impossibilidade de levar adiante o texto de Cunha, os parlamentares governistas como os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ), passaram a apoiar o voto em separado.
E o vice-lÃder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni, alfinetou: "Só faltam os lencinhos e a champanhe da turma da Delta [para comemorar o resultado da sessão]".
*Com informações de Fernanda Calgaro, em BrasÃlia