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Índios mantém 24 funcionários da Sesai em cárcere em Caarapó

26 janeiro 2016 - 07h15Por Dourados News
Lideranças indígenas bloquearam a saída de funcionários do polo da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Caarapó nessa segunda-feira (25). Eles querem a saída do chefe da unidade local Adalberto Araújo.

Os índios chegaram ao local por volta de 9h. De acordo com o Adalberto, pelo menos 24 pessoas foram mantidas fechadas no local. “Eles bloquearam a saída e nós ficamos aqui dentro sem almoço, temos apenas água aqui”, relatou ao Dourados News.

Segundo as lideranças, são pelo menos 30 pessoas em frente ao órgão carregando faixas e mais índios estão a caminho do local para a manifestação. Eles alegam que ofereceram há pouco aos funcionários a saída da unidade, mas que a maioria recusou.

Os manifestantes esperam a chegada de representantes da coordenação estadual do órgão, que segundo eles, devem estar no local a partir das 18h. “Estamos esperando eles para discutir a saúde indígena aqui”, relata o índio Norivaldo Marques, cacique da Aldeia Tey Kuê e que está no local.

Ele reforçou que os índios pedem a saída do chefe do polo, pois acreditam que não está mais atendendo as demandas da comunidade e é responsável pelos problemas que vem sendo enfrentados na saúde indígena da região. “Nós agradecemos ele pelo trabalho, mas hoje ele não atende mais nós, então a gente quer a saída dele”, relatou.

O cacique disse que foi encaminhado há pelo menos 15 dias um documento à coordenação estadual do órgão pedindo a saída de Adalberto, mas como o pedido não foi atendido, eles entenderam que era o momento de realizar a mobilização. “Precisamos de atendimento de saúde 24h nas aldeias e isso não vem acontecendo”, relatou.

De acordo com Marques e com Silvio Paulo, índio kaiowá conselheiro distrital indígena que representa sete aldeias da região de Caarapó na entidade, relatam que as mazelas são muitas no atendimento prestado. Eles contam que não há viaturas suficientes, pois a maioria está quebrada, que muitos índios morrem e ficam sem atestado de óbito ou atendimento, porque não há veículo para ir até o local, e também reclamam do atendimento oferecido em unidades de saúde.

“Tem enfermeira que fica no vídeo game e não está nem aí para os doentes, a gente acha que isso é problema de administração que tem que estar vendo. Então, do jeito que está acontecendo, nós não podemos deixar”, relatou ele, culpando a coordenação estadual do órgão pela mobilização por não ter atendido o pedido das lideranças de retirar o coordenador local.

###Outro lado

Das sete viaturas que hoje atendem o polo de Caarapó, apenas uma está em atividade. As demais necessitam de manutenção. Segundo Adalberto, foram realizadas no final do ano passado e no começo desse ano, reuniões com o Conselho Distrital de Saúde Indígena sobre a situação, tratando sobre a precariedade no atendimento e explicando o que vem acontecendo.

“Foi repassada toda a problemática que o país vem sofrendo, sobre a liberação de verba que a gente aguarda para o conserto e sofre o esforço da coordenação estadual para que isso aconteça. Mas, eles acham que depende de mim, que eu não me mexo, mas não é isso. A gente sabe da situação, mas a liberação de verba não depende de mim, eu sou responsável pela administração do polo”, explica o chefe.

Segundo ele, a saída dos índios de frente do polo da Sesai e as reivindicações estão sendo negociadas diretamente pelo coordenadora estadual do órgão, Ilário da Silva com as lideranças.

O polo de Caarapó da Sesai atende hoje seis aldeias em Laguna, Caarapó e Juti. Juntas, as comunidades indígena que moram nessas localidades somam 6,2 mil pessoas.

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