sexta, 26 de abril de 2024
ECONOMIA

Captação da poupança cai pela primeira vez desde janeiro

04 dezembro 2020 - 17h00Por Agência Brasil

Aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, a caderneta de poupança registrou a primeira queda na captação líquida (depósitos menos saques), depois de nove meses consecutivos de melhora. Em novembro, os investidores depositaram R$ 1,48 bilhão a mais do que retiraram da aplicação, informou nesta sexta-feira (4) o Banco Central (BC).

A captação líquida é 39% inferior ao registrado em novembro do ano passado, quando os brasileiros depositaram R$ 2,43 bilhões a mais do que tinham sacado. Nos últimos meses, a caderneta tinha quebrado uma sequência de recordes desde o início da série histórica, em 1995.

Apesar do recuo no mês passado, a poupança acumula entrada líquida de R$ 145,71 bilhões de janeiro a novembro. Esse é o melhor desempenho para o período registrado pela aplicação financeira.

A aplicação começou o ano no vermelho. Em janeiro e fevereiro, os brasileiros retiraram R$ 15,93 bilhões a mais do que depositaram. A situação começou a mudar em março, com o início da pandemia da covid-19, quando os depósitos passaram a superar os saques. A turbulência no Tesouro Direto nos dois primeiros meses da pandemia fez parte dos investidores preferirem a segurança da poupança, mesmo com rendimento menor.

O interesse dos brasileiros na poupança manteve-se apesar da recuperação da bolsa de valores nos últimos meses. No entanto, com a taxa Selic (juros básicos da economia) em 2% ao ano, menor nível da história, e o aumento da inflação decorrente do preço dos alimentos reduziram a demanda pela caderneta.

Rendimento

Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia), rendeu 2,29% nos 12 meses terminados em novembro, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve como prévia da inflação oficial, atingiu 3,52%. O IPCA cheio de novembro será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no próximo dia 8.

Para este ano, o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 3,54% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a atual fórmula, a poupança renderia 1,4% este ano, caso a Selic de 2% ao ano estivesse em vigor desde o início do ano. Como a taxa foi sendo reduzida ao longo dos últimos meses, o rendimento acumulado será um pouco maior, mas insuficiente para repor as perdas com a inflação.

Histórico

Até 2014, os brasileiros depositaram mais do que retiraram da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.

Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. No ano de 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018, com captação líquida de R$ 38,26 bilhões. Em 2019, a poupança registrou captação líquida de R$ 13,23 bilhões.

Deixe seu Comentário

Leia Também

ECONOMIA

Cesta básica nacional terá 15 alimentos com imposto zerado

SAÚDE

SUS terá sala de acolhimento para mulheres vítimas de violência

ECONOMIA

Reforma propõe devolução de 50% em luz, água e gás a mais pobres

SAÚDE

Brasil tem quase 4 milhões de casos prováveis de dengue