quarta, 02 de julho de 2025
SAÚDE MENTAL

Depressão na adolescência: como identificar e o que fazer?

15 maio 2019 - 15h02Por Psicologia Viva

A Depressão já é conhecida como um grande mal do nosso século. E ela tem sido especialmente perigosa para os nossos jovens. O suicídio é a terceira principal causa de morte dos jovens no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Mais assustador que isso é saber que cerca de 70% destes jovens estavam clinicamente deprimidosa.

As causas desta doença são muitas. Ela é uma combinação de fatores emocionais, sociais e biológicos. Para cada pessoa acontece de um jeito.

O que eu acho mais importante é tentar te mostrar como é a experiência da Depressão. Quem nunca teve esta vivência, pode ter dificuldade de compreender, pois é um acontecimento interno que só o jovem tem acesso.

Imagino que você já tenha perdido algo ou alguém que era tão importante, que você ficou “no fundo do poço”. Começou a sentir uma dor que não sabia onde estava, mas você sentia, era muito forte. Mas, com o tempo, passou.

Uma pessoa com Depressão sente esta mesma dor, mas ela não passa. Tente imaginar o que você sentiria se estivesse sentindo muita dor, mas não soubesse como fazê-la parar. Esta é a realidade da pessoa deprimida.  A Depressão é uma doença de dor e desespero.

ADOLESCÊNCIA E DEPRESSÃO

A adolescência é um momento de “crise existencial”. Um processo de forte transformação no qual o jovem está deixando para trás muitas das suas regalias como jovem e precisa encarar as responsabilidades da vida adulta. Portanto, eles passam por uma experiência de perda, de luto.

Como sabemos, esse processo, apesar de necessário, pode ser assustador. Junte a isso as mudanças corporais e de humor causadas pelos hormônios, e temos uma “panela de pressão” que deixa o jovem vulnerável a desenvolver transtornos mentais.

No adolescente, a Depressão é vivida de forma muito solitária. Seus pedidos de ajuda, seus sintomas, são com frequência entendidos como apenas “drama de aborrecente” e que logo “vai passar!”. Nossos jovens estão pedindo ajuda, mas precisamos aprender a escutar.

COMO IDENTIFICAR

É possível identificar se o jovem apresenta comportamentos típicos de pessoas deprimidas. Ele vai apresentar alguns dos comportamentos a seguir durante muito tempo.

• Muita raiva ou irritabilidade: reações exageradas de raiva, como quebrar objetos ou agredir pessoas.

• Problemas de memória e concentração: dificuldade de se concentrar em qualquer atividade. Mesmo as simples, como assistir televisão. Também esquecimento de eventos importantes, como datas de prova, aniversários, etc.

• Alterações de sono/ apetite: o jovem pode estar dormindo mais ou menos que o seu habitual. O mesmo para a fome, que pode se alterar para muito ou mais.

• Desesperança: quando o jovem manifesta falta de esperança no futuro, através de falas como: “Eu sou um fracasso”, “As coisas nunca dão certo para mim”  ou “Felicidade não existe”.

• Isolamento: o jovem deixa de se socializar e começa a passar grande parte do seu tempo sozinho.

• Desistências/ falta de interesse: começam a abandonar atividades e interesses que são importantes. Mudar os interesses é saudável. O problema é quando não há mais interesses.

• Sintomas físicos: os transtornos mentais também se manifestam no corpo, através de dores de cabeça persistentes, dores corporais, bruxismo, constipação crônica, dentre outros.

• Automutilação: esta atitude traz sentimento de alívio da dor.  É mais comum que eles se cortem ou se queimem em locais mais discretos e difíceis de ver, como a parte interna das coxas ou a barriga. Fique de olho nas feridas.

• Ideação Suicida: o jovem manifesta diretamente que não quer ou não aguenta mais viver. Também pode falar indiretamente: que quer dormir por anos, sumir e começar tudo de novo, que não acharia ruim morrer agora, a minha vida não tem sentido, etc.

É bom lembrar que a ocorrência de apenas um destes comportamentos não quer dizer que há um quadro de Depressão. É preciso que vários destes fatores aconteçam.  

O QUE FAZER

• Procure ajuda profissional: Esse é o primeiro e mais importante passo. E procure o mais rápido possível. É preciso procurar um Psiquiatra e Psicólogo.

• Sugira um check-up geral : muitos quadros Depressivos são iniciados por fatores biológicos como doenças hormonais ou deficiência de algumas vitaminas e minerais, como o Magnésio e a vitamina B12.

• Escute: a vontade de ajudar é muita, mas evite dizer ao jovem o que ele deve fazer para melhorar. A melhor coisa que você pode fazer é escutar. A fala é terapêutica. Ofereça ao jovem este espaço para falar de si.

• Ofereça ajuda: para as pessoas com Depressão tarefas simples e rotineiras podem ser extremamente cansativas. Pergunte se há algo que você pode fazer para ajudar. Podem ser coisas simples, como levar o cachorro para passear ou arrumar o quarto.

• Faça companhia: o homem é um ser social e sua saúde mental depende disso. Para fazer companhia você não precisa fazer nada específico. Nem conversar. O importante é que você esteja ali presente.

• Ofereça afeto: o mundo deste jovem é um mundo dolorido, confuso e distorcido. Quase não tem alívio para a dor. Portanto, abrace, beije, diga o que gosta ou admira no nele, ofereça colo, etc. Ofereça conforto.

• Saiba como pedir ajuda em Emergências: tenha, dentro do possível, formas de contatar a família do jovem, o médico psiquiatra, o psicólogo e serviços de emergência.

• Não ultrapasse os seus limites: você não é de ferro. Ver as pessoas que nós amamos sofrendo muito não é nada fácil. Se afaste temporariamente se for preciso. Se você ficar doente, não poderá ajudar.

A Depressão pode ser superada se o adolescente fizer corretamente o tratamento e tiver apoio familiar e dos amigos. Nós podemos ajudar os nossos jovens a terem uma vida melhor se escutarmos o que eles têm a dizer de si.

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