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Conselho Estadual de Saúde inspeciona o Hospital Regional e descobre o óbvio

21 julho 2012 - 10h50
Midiamax

O Conselho Estadual de Saúde, em ato raro, vistoriou, hoje, as instalações do Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande. Encontrou aquilo que a reportagem do Midiamax vem denunciando, como voz isolada na mídia, há pelo menos um ano: atendimentos pelos corredores, falta de médicos, enfermeiros e funcionários.

Se a vistoria é um ponto a favor do Conselho Estadual de Saúde, no entanto, não deve ter encontrado nada que não fosse de conhecimento de todos aqueles que necessitam do HR - o maior hospital essencialmente público do MS, mantido com verbas do SUS e mais algumas outras do governo estadual.

Elisa Magaly Nantes, conselheira, disse que a vistoria foi realizada após “denúncias”, mas que também foi motivada por irregularidades identificadas no relatório de gestão do HR, que é elaborado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), dirigida por Beatriz Dobashi. "Como a falta de leitos, que têm capacidade de atender 40 pacientes, mas só atendem 28 pacientes", exemplificou a conselheira.

Muito positivo. Mas a vistoria durou apenas duas horas e meia, das 9h às 11h30. Nem sequer o Conselho Local, aquele que está situado dentro do hospital, foi convocado para acompanhar a inspeção. A afirmação é de Rony Adolfo Jr, conselheiro local do HR. Será que os pacientes foram ouvidos? Será que as novas UTIs e o PS novo, ainda inconclusos, foram inspecionados? Há fotos? Há relatórios de despesas? É questão de esperar, e ver o que o Conselho Estadual de Saúde apurou, de fatos.

Mas se faltar alguma constatação, o Conselho Estadual poderá saber das “denúncias” concretas, por um caminho bem simples: basta acessar www.midiamax.com.br e, em busca, escrever 'Hospital Regional'.

Ali vão aparecer casos e mais casos de pessoas que perderam familiares, promessas não cumpridas, promessas desmascaradas, numa série infindável de omissões do governo estadual, que não deixa dúvida quanto a identidade do HR de hoje: um hospital esvaziado das suas funções sociais e essenciais, que deveria cuidar de quem depende do SUS, exclusivamente, e que não tem dinheiro para pagar médicos, clínicas, exames e hospitais particulares - como o Midiamax denunciou e comprovou, exaustivamente, porque é um fato escancarado no MS. O HR nem sequer tem ortopedia, ao contrário de grandes hospitais estaduais de outros estados, como o Hospital das Clínicas, em São Paulo, bancado pelo SUS e pelo governo estadual.

Conselho Local protesta por auditoria sem a sua presença

Estranhamente, o Conselho Local do HR não foi convidado para a inspeção no HR, segundo Rony Adolfo Jr. “O Conselho Local vai pedir a anulação da inspeção, por não ter sido oficialmente comunicado. Ligamos para a direção do HR, e a secretária disse que a inspeção do Conselho Estadual não iria acontecer”.

Se efetivamente o Conselho Local de Saúde, que funciona dentro do Hospital Regional, não participou da inspeção por falta de “comunicação”, o relatório da auditoria ficaria sob suspeita: “Vamos pedir a impugnação, tem coisas mais graves que não serão apontadas no relatório, sem a nossa presença”, afirmou Rony.

Seja lá o quer for, resta esclarecer aquilo que a sociedade quer saber: Quando as novas UTIs, anunciadas pelo governo Puccinelli, em novembro de 2011, vão funcionar? Quando a reforma do Pronto Socorro vai terminar? E quando as pessoas que não tem plano de saúde no MS vão parar de morrer como formigas, ou procurar atendimento fora do estado - no Paraná (Umuarama) e em São Paulo ( Barretos).

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