quinta, 25 de abril de 2024

Pequenos produtores do Itamarati vão exportar sementes de feijão para a Venezuela

Pequenos produtores do Itamarati vão exportar sementes de feijão para a Venezuela

24 setembro 2012 - 16h10
Jornal Folha do Campo Itamarati



A cooperativa Coopaceres do Assentamento Itamarati fechou acordo comercial para exportação de semente de feijão para a Venezuela. Numa primeira etapa são 500 toneladas de semente de feijão preto. O contrato inicial firmado para 2012 é de 500 toneladas do produto, e com perspectivas para exportação de mais 2.000 toneladas para o próximo ano, e visa atender ao Programa de Soberania Alimentar do governo Hugo Chaves.

Uma delegação de representantes do governo da Venezuela esteve no último dia (17) no Assentamento Itamarati para uma visitação técnica e fechamento de um contrato comercial para exportação de semente de feijão preto. O contrato inicial firmado para 2012 é de 500 toneladas do produto, e com perspectivas para exportação de mais 2.000 toneladas para o próximo ano, e visa atender ao Programa de Soberania Alimentar do governo Hugo Chaves.

O valor total das 500 toneladas de sementes fechado, é de quase US$ 1,8 milhão. Estão sendo preparadas mais 500 toneladas do mesmo produto para uma segunda etapa e outras 1.500 toneladas serão enviadas futuramente.

Os negócios com a Venezuela estão caminhando para o fechamento de maiores expor-tações no que se refere à cerais para consumo, principalmente arroz, feijão, soja e milho. Todas as partidas de sementes enviadas para a Venezuela serão distribuídas entre os produtores rurais daquele país. Eles serão acompanhados por técnicos do MST e da Embrapa de Dourados.

Sementes de qualidade – Durante a visitação, a comitiva também teve a oportunidade de conhecer os trabalhos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Dourados. Segundo o gerente regional da Embrapa Produtos e Mercados Huberto Pascoalick "é toda uma corrente solidária em todo esse movimento não apenas visando o exterior, mas principalmente à melhoria de vida dos assentados da reforma agrária e outros pequenos produtores rurais do Mato Grosso do Sul".

Para o coordenador do setor de produção do Movimento dos Sem Terra (MST) em Brasília, Milton Fornazierre, "não se trata de transação comercial ligada ao agronegócio. É praticamente um acordo fechado entre o Brasil e a Venezuela, com a participação de outros países, como Cuba e Nicarágua, atendendo à Venezuela também em desenvolvimento de tecnologias modernas na produção de cereais".

Ainda segundo Milton, "todo o processo de negociações com a Venezuela foi fechado pelo MST que teve várias idas e vindas para concretizar o convênio.

Temos, por exemplo, entre os parceiros, a Alba Alimentos de Nicarágua S/A, com sede em Manágua, e a Cuba Control, com sede em Havana, além de uma subsidiária brasileira. As três realizam todo o trâmite das exportações analisando a qualidade dos produtos transportando em contêineres até o porto e embarque nos navios", ressalta.

Para o cubano Dalvis Toro Padron, inspetor da Cuba Control "é mais um ponto positivo para os assentados do Assentamento Itamarati, principalmente reforçando a presença de uma cooperativa como a Coopaceres, sendo parceiro no desenvolvimento da agricultura venezuelana".

O nicaraguense Francisco Gutierrez, gerente da divisão de qualidade da Alba observou que "a Venezuela não tem tradição em agricultura e está dando os primeiros passos para conquistar a soberania alimentar do país", conclui.

Segundo o Delegado Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/MS) João Grandão, "as sementes são de qualidade técnica e germinativa, específicas para um país com clima e região diferentes. As sementes desenvolvidas nos laboratórios da Embrapa são certificadas e fiscalizadas e com garantias técnicas", conclui.

“A tecnologia de sementes desenvolvidas pela Embrapa é a melhor do Brasil e agora temos acesso a ela. Isso trará mais dignidade para o agricultor familiar”, destaca Ronaldo José Pucci, presidente da Coopaceres. As sementes da Coopaceres são convencionais e não alteradas geneticamente, porém certificadas pela Embrapa, uma das marcas com destaque no setor do gênero.
Produção de sementes – A Cooperativa Agroindustrial Ceres (Coopaceres), foi criada há sete anos por pequenos agricultores familiares do Assentamento Itamarati, e nasceu tendo como sua atividade principal, a produção de sementes de feijão, milho e arroz, direcionadas exclusivamente para a Agricultura Familiar, do projeto Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A cooperativa conta atualmente com 189 famílias associadas, e devido a grande demanda na produção de sementes, pretende ampliar para 250 associados ainda em 2012. Para fornecer sementes para a cooperativa, o pequeno agricultor interessado deverá se adequar às normas estabelecidas pela Embrapa, para a produção de grãos destinados ex-clusivamente a sementes.

Combate à fome – As sementes produzidas no Assentamento Itamarati pela Coopaceres, já abasteceram no programa de combate a fome do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), através do Projeto de Cédula do Produto Rural (CPR), entre 2008 e 2011, com 193.630 quilos de sementes de milho; 562.100 quilos de sementes de feijão carioca e 18.900 quilos de sementes de feijão preto, nesse período foram beneficiados 24.274 famílias de pequenos agricultores, quilombolas e os grupos que se encontra em situação de vulnerabilidade social.

As parcerias para elaboração e execução dos projetos, são entre: a Secretaria da Agri-cultura Familiar (SAF); Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário do MS (DFDA/MS); Embrapa (Serviços Negócios e Transferência de Tecnologia/SNT); Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que apoiam na elaboração e execução dos projetos. E ainda o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria (Incra), que forneceu a concessão de uso da Unidade Beneficiadora de Sementes (UBS); Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) que disponibiliza Engenheiro Agrônomo responsável pelo acompanhamento no campo e assinatura dos laudos e Conab Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Deixe seu Comentário

Leia Também

GERAL

Apenas 3% dos países terão taxa de fertilidade suficiente até 2100

GERAL

Pampa é o bioma brasileiro menos protegido por unidades de conservação

SAÚDE

Quedas levaram mais de 33 mil crianças ao SUS em 2023

LEVANTAMENTO

Acidentes de trabalho geraram R$ 387 mi em gastos previdenciários em Mato Grosso do Sul