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'Silicone pode ter sido complicação', diz médico que operou jovem em MS

'Silicone pode ter sido complicação', diz médico que operou jovem em MS

04 fevereiro 2012 - 07h14
G1 MS

O jovem de 26 anos que morreu nesta quinta-feira (2), após uma cirurgia de lipoescultura em um hospital em Campo Grande, morava na Itália e veio para Mato Grosso do Sul especialmente para passar pelo procedimento médico, segundo a Polícia Civil.

O cirurgião plástico que fez a operação, Paulo de Oliveira Lima, disse ao G1 que tem mais de 30 anos de profissão e realizou mais de mil lipoaspirações semelhantes a que a vítima foi submetida. O médico suspeita que o silicone industrial que ele retirou do abdômen da vítima durante o procedimento, pode ter causado complicações no pós-operatório que levaram a morte do jovem.

Lima diz que além da lipoescultura a vítima também passou por um procedimento para a retirada de silicone de oito pontos do corpo. Cerca de 3 litros de gordura, soro e silicone industrial foram retirador do rapaz. “Ele queria ter um corpo mais atlético. O silicone pode ter causado algumas complicações e depois um enfarte nele”, diz o médico.

De acordo com o médico, a vítima apresentou todos os exames necessários para a autorização da cirurgia, durante o pré-operatório. “A cirurgia estava marcada há 5 dias, ele trouxe exames feitos em Cuiabá e estava tudo certo com a saúde dele. Ele estava apto a passar pelo procedimento”, afirma Lima.
Investigação policial

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a morte do rapaz e também protocolou uma denúncia no Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), que deve abrir um procedimento investigatório sobre o caso.

O delegado responsável pelo caso, Fábio Sampaio, disse ao G1 que investiga se o hospital onde foi feita a cirurgia tinha autorização para realizar o procedimento.

De acordo com a assessoria de imprensa do CRM, a Vigilância Sanitária é responsável por emitir o laudo de autorização de cirurgias para os hospitais particulares. Apesar da unidade não ter Centro de Terapia de Intensiva (CTI), as cirurgias plásticas podem ser feitas, mas o hospital deve orientar o médico e paciente sobre os riscos.
O delegado disse que peritos da polícia civil e o delegado de plantão da 1ª DP da capital foram ao hospital particular na noite desta quinta-feira. O laudo da situação encontrada no local foi repassado para o Sampaio, que iniciou as investigações na manhã desta sexta-feira (3).

Nos objetos pessoais do jovem a polícia encontrou documentos relacionados à cirurgia. A vítima teria realizado exames do coração na segunda-feira (30) e os resultados serão analisados pela polícia. Algumas receitas de remédios e o celular do jovem também foram apreendidos e serão periciados.

Complicação

De acordo com o delegado, o laudo necroscópico que apontará as causas da morte do jovem já foi feito. O paciente teria sido internado à 11h desta quinta-feira e após a cirurgia ele teria entrado em choque e sofrido várias paradas cardíacas. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas às 16h15, ele parou de responder aos estímulos e morreu.

As próteses de silicone industrial custam 10% o valor das próteses normais e segundo o cirurgião plástico elas representam um risco para a saúde. “É bastante arriscado, as pessoas colocam porque é mais barato. Eu espero que todos se conscientizem e parem de colocar esse tipo de silicone”, conclui.

O G1 entrou em contato com o hospital e a informação é de que não iria se pronunciar sobre o caso.

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