Ar condicionado veicular pode causar riscos à saúde
26 julho 2012 - 00h00*Fonte: Abramet
A evolução da tecnologia nos leva ao conforto térmico no interior de veículos.
Enquanto do lado de fora temos 35º C, lá dentro temos 20 a 22º C. Para esse conforto, não podemos esquecer que riscos importantes poderão trazer consequências que variam de leves a graves.
Nessas condições, somos submetidos a riscos físicos e biológicos. O risco físico, devido à variação térmica abrupta, tanto quando entramos, como quando saímos do veículo.
O risco biológico existirá sempre pela presença de fungos, vírus, ácaros, bactérias e bacilos insuflados no meio pelo equipamento de refrigeração. A utilização do ar quente e do ar frio repercute de maneira similar.
Risco Físico
Mas o que causaria esta variação térmica e quando aconteceria? Poderemos citar três situações:
1. Quando se sai do veículo.
Percebe-se:
A sensação de calor lá fora é muito maior. Elevação súbita da temperatura. Pele quente;
Não há tempo suficiente para adaptação;
Ressecamento súbito dos condutos nasais;
Ocorre uma vasodilatação periférica;
Redução súbita do fluxo sanguíneo cerebral;
Perda líquida rápida através da pele tentando equilibrar a temperatura corporal;
Redução da frequência cardíaca e respiratória.
E quais são os sinais e sintomas decorrentes dessa saída súbita do automóvel, com ar condicionado ligado, para a rua, onde a temperatura está elevada?
Calor intenso;
Queda da pressão arterial;
Tonturas,
Desmaios;
Desequilíbrio hidro-eletrolítico;
Os hipotensos (pressão baixa) tornam-se mais hipotensos;
Sonolência;
Torpor;
Fraqueza.
2. Para quem fica no veículo
No momento da abertura da porta, o ar quente domina o ambiente. Ocorre súbito aumento da temperatura podendo produzir sinais e sintomas idênticos aos descritos anteriormente, porém minimizados.
3. Para quem entra no veículo
Ocorre uma queda brusca da temperatura;
Sensação de variação térmica é maior;
Cartuchos nasais não têm tempo hábil para adaptar-se, não conseguindo aquecer o ar, hipertrofiam-se;
Pode ocorrer sensação de nariz úmido e coriza.
Dependendo da sensibilidade individual, os sintomas serão maior ou menor.
Ar frio chegando à faringe, cordas vocais, traqueia e brônquios, resfria o tecido de revestimento interno produzindo maior umidade no trajeto;
Vaso constrição periférica;
Aumenta o fluxo sanguíneo cerebral;
Hipertensos se tornam mais hipertensos;
Aumenta frequência cardíaca e respiratória.
E o que se sente nestas condições?
Irritação no nariz com espirros e sensação de umidade;
Coriza;
Frio intenso;
Tosse;
Rouquidão;
Sensação de obstrução ou entupimento nasal;
Sensação de obstrução do conduto auditivo por comprometimento da trompa que ventila o ouvido médio;
Dor muscular;
Dor nevrálgica;
Paralisias comprometendo nervos periféricos;
Cefaleia.
Risco Biológico
Ocorre a presença de microorganismos insuflados no ambiente pelo equipamento. A umidade do ambiente permite também proliferação de microorganismos levados para o interior do carro através roupas, sapatos, etc., que alojados nos assentos e carpetes do veículo proliferam.
Com o desligamento do sistema de ar condicionado, a temperatura sobe, atingindo condições ideais para crescimento de micro-organismos.
O ácaro, elemento altamente sensibilizante da via respiratória, capaz de produzir quadros alérgicos respiratórios como a rinite, traqueíte e bronquite.
Mas além de tudo isso, esquecemos que o insuflador de ar frio e quente necessita de manutenção permanente, não só na troca do filtro, mas em todo o seu conteúdo.
A umidade que persiste no seu interior, somada ao calor ambiente quando desligado, permite proliferação de bactérias, fungos, bacilos e vírus. No dia seguinte ao ligar novamente o aparelho serão lançados no espaço confinado do veículo.
As pessoas presentes, ao respirarem, permitirão a entrada de tais organismos na via respiratória, podendo evoluir para infecções importantes. Contaminam ainda pele, mucosas, olhos.
Dependendo da virulência (poder de destruição do micróbio) e também do estado imunológico do indivíduo poderá evoluir com um quadro infeccioso que aparecerá no decorrer dos dias.
Risco Ambiental
Os gases utilizados nos aparelhos de ar condicionado como o 134 A, HFC, Freon, R12, destroem a camada de ozônio (R12) e criam o efeito estufa (HFC e Freon). Contribuem para as mudanças climáticas de nosso planeta e nossa autodestruição.
A indústria de refrigeração evolui para a utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente.
Às vezes, torna-se difícil caracterizarmos para um indivíduo, o nexo causal entre o seu quadro clínico e a utilização do ar condicionado do seu veículo.
É o caso, por exemplo, da hemiparalisia facial de Bell, que apareceu subitamente com o possível resfriamento da musculatura e inervação quando estava aproveitando o conforto do seu veículo.
Ou quando relacionamos o quadro de bronquite desencadeado à noite após ter passado o período da tarde no ar condicionado do veículo.
Não temos dúvida dessa relação, porém muitas vezes o paciente vai buscar outros agentes causais para definir o seu mal.
Não podemos esquecer que o desenvolvimento tecnológico, o conforto, a sensação de bem estar aparente, muitas vezes traz repercussões desastrosas e consequências indesejáveis.
Para quem se utiliza do ar condicionado nesse ambiente confinado, não podemos deixar de recomendar permanente higienização do interior do veículo e manutenção de todo o sistema de ar condicionado.
Para quem já tem história de problemas de alergia respiratória, evitar carpetes ou revestimentos internos que armazenem poeiras, ácaros ou outros microorganismos.
O ar condicionado deve ser evitado quando se salta continuamente do veículo. Ele é ideal para trajetos longos.