Mensagens do aplicativo Telegram divulgadas pelo site Intercept Brasil e pelo portal UOL, nesta terça-feira (10), apontam que a proposição de delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ( MDB-RJ) foi rejeitada pela força-tarefa da Lava Jato por não “entregar” nomes de interesse dos procuradores, como por exemplo, o de Carlos Marun (MDB-MS), ex-deputado e ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República.
Em agosto de 2017, procuradores do Grupo de Trabalho da Lava-Jato em Brasília rejeitaram a proposta de delação apresentada pelo ex-deputado Eduardo Cunha.
Conforme interceptações de mensagens, divulgadas nesta terça-feira (10), o grupo queria informações e acusações sobre Carlos Marun (MDB-MS), ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer (MDB), autoridades do Judiciário do Rio de Janeiro, fatos de suposta compra de votos para a eleição à Presidência da Câmara e repasses de dinheiro feitos pelo lobista Júlio Camargo e pelo empresário Joesley Batista, da JBS.
Tais pessoas e fatos eram de interesse do Ministério Público, mas, foram “protegidos” por Cunha.
Na época, caso a delação fosse aceita, Cunha seria liberado. O ex-deputado segue preso até o momento.
Caso a delação fosse aceita, Cunha seria liberado. O ex-deputado segue preso até hoje. Marun, que foi seu ferrenho defensor no Congresso Nacional enquanto deputado federal, reagiu às revelações e afirma que o velho aliado, a quem visitou na cadeia, optou continuar preso a mentir.
Em reportagem do UOL, em agosto de 2017, o grupo de trabalho da Lava Jato considerou que “as promessas do ex-deputado de delatar políticos com quem mantinha estreitos vínculos foram consideradas inconsistentes e omissas”. Cunha também teria apresentado poucos documentos para comprovar as genéricas acusações que teria feito.
Além disso, em reportagem de 30 de julho de 2017, conforme o UOL, em troca de mensagens, o procurador Ronaldo Pinheiro de Queiroz afirmava que Cunha apresentou um anexo trazendo informações sobre "compra de votos para a liderança do PMBD (sic) e não apresentou sobre compra de votos na eleição da presidência da Câmara, em que há anexo da JBS sobre o tema. Cunha cita mais de 70 deputados que ele angariou dinheiro de caixa 2, mas deixou Carlos Marun, seu fiel escudeiro, de fora”.
Ainda conforme o UOL, o grupo apontava que Cunha estaria deixando importantes fatos de fora da delação, além de apresentar versões completamente inverossímeis e até mesmo contraditória em relação a contundentes provas já recolhidas ao longo das investigações.
Conforme a publicação desta terça-feira (10), do UOL, a proposta de colaboração de Cunha continha denúncias contra o então presidente da República, Michel Temer (MDB), que sofria processos criminais que poderiam levar a seu impeachment. Em 8 de julho, o coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, avalia se Cunha teria "provas fortes" contra Rodrigo Maia, o presidente da Câmara à época, e possível sucessor de Temer.
Ao fim, os procuradores decidem não continuar a negociar uma colaboração com Cunha. "Péssimos elementos de corroboração, omissões evidentes, incosistências [sic], entre outros pontos", revelou que disse Ronaldo Queiroz, (mensagem do site Intercept).
Marun divulgou nota nesta terça-feira (10), na qual fala sobre o caso. Ele cita que “depois de algum tempo em prisão preventiva, Cunha resolveu ceder às pressões e delatar. Apresentou sua relação prévia de delatados e recebeu como resposta de elementos do MPF que ele só sairia da cadeia se dissesse alguma coisa que me comprometesse. Nada mais interessava. Cunha se recusou a mentir e por isto está preso”.